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quarta-feira, 6 de julho de 2016
O GÊNIO ZÉ DE GRAÇA (Cap.1)
Num dia rotineiro , nas frias manhãs de agosto, via-se logo cedo o vai vem frenético dos carros do leite e ele quase transparente com sua tez alva e óculos escuros. Ao contrario de muitos que cultivavam um barrigão com sôfrego costume da carne diária. Preferia nutrir a mente , mesmo que não parecesse, sua missão era muito importante e muitos nem sequer sonhavam ser contemporâneo da genialidade de Zé de Graça. Um Einstein das plagas sertanejas com seu corpo esquálido e ativo sobre sua bicicleta azul, cheia de adaptações as quais muitos ignoravam que aquelas pedaladas serviam para acumular energia em pequenas placas de chumbo que cabiam na palma da mão e cada uma delas teria energia suficiente para iluminar toda Frei Paulo.
Poucos tiveram o privilégio de desvendar seus mistérios; a casa no Bêco da Santa era um laboratório onde traçava planos mirabolantes entre eles a construção de uma máquina voadora capaz de singrar os céus e conquistar o tridimensional absoluto, o espaço sideral. No ano de 1969 um certo dia parou a sua bicicleta diante da residência do exator no Bêco do Cinema e por alguns minutos da calçada mirou um pequeno televisor preto e branco e assistia com um leve sorriso a aventura do homem pisando pela primeira vez na lua. Parecia um momento mágico e ele atentamente observava cada detalhe da transmissão ao vivo quando Neil Alden Armstrong pesadamente se locomovia na crosta lunar.
Dali partiu cada vez mais confiante na viagem dos seus sonhos, rumo ao desconhecido talvez tivesse que ir sozinho sem levar parentes ou animais para experiência, as madrugadas eram devoradas em infinitos cálculos e experiências. Há quem não duvide que nessa empreitada tenha o dedo de extraterrestres. Muitos viram naquele período uma movimentação de naves espaciais que rumavam sempre na direção da Serra Redonda, lado leste e muitas vezes ele era visto naquela direção. Um dia a Chesf sofreu um apagão e a cidade ficou sem luz e contam os mais velhos que bem no comecinhos dos anos 60 ele enterrou bolas de chumbo no chão e passou a fornecer energia para toda cidade. Nessa época seus conhecimentos científicos ainda eram rudimentares, construir um avião para ir à roça era apenas uma necessidade, esquecida depois de ser picado pela febre das aventuras intergaláticas.
Na década de setenta em meio ao bucolismo de uma cidade em plena efevervecência de uma juventude atuante , tornou-se ainda mais recluso e muito raramente era visto na rua. O pequeno dínamo da bicicleta com as adaptações dos acumuladores quânticos e a substituição do chumbo por placas de titânio já havia gerado energia suficiente para a grande viagem. A essa altura os seus conhecimentos científicos já eram dos mais rarefeitos. Passou então a estudar com afinco as ondas gravitacionais e os fenômenos eletromagnéticos. A inteligência cultivada com propriedade única o levou a descobertas chocantes como a dos “grávitons” que fez Zé de Graça repletir sobre as leis mais herméticas do universo.
Um dia sentado entre amigos na porta da bodega de Zé Correia, estava lá compadre Justiniano, Fleory, Avelino, Bastos e Dr Rúbens, Artur Barbosa, Gumercido e outros que não me deixam mentir e em meio a conversa corriqueiras Zé de Graça fora tomado por um transe e passou a discorrer sobre um tema que a maioria ficou perplexa. Estas foram suas palavras:
“Numa galáxia distante, muito tempo atrás, um par de buracos negros, cada um com mais de trinta vezes a massa do nosso Sol, entraram em órbita um em volta do outro. Durante as próximas centenas de milhões de anos, ondas gravitacionais geradas pelo seu movimento os fizeram girar em espiral, devagar a princípio, mas depois ganhando velocidade, chegando cada vez mais perto, até estarem rodopiando mais depressa do que as lâminas de um liquidificador. Acabaram colidindo, já a um terço da velocidade da luz, emitindo uma última rajada de ondas gravitacionais, antes de amainar e recolher-se à vida pacata de um buraco negro comum.”
Faroaldo bradou da porta do seu estabelecimento: “ Seu Zé o Sr. Está bem tenho aqui um remédio bom pra isso, Memorex”
Alheio aos pensamentos da turba montou na bicicleta e meio sem jeito voltou ao seu QG no Bêco da Santa e ao entrar murmurou com a sua esposa; Scott Hughes que perdoe a mediocridade dos homens.
- Ham?
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