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quinta-feira, 14 de julho de 2016
O Gênio Zé de Graça ( Cap. 8 )
Nhô Capitinga ao ver o disco voador se aproximando na estrada da Serra Redonda, próximo ao sítio de Seu Diógenes, ficou com muito medo e se escondeu sob pés de araças e gabirobas, ficando perfeitamente camuflado, somente seus olhos arregalados e sua língua afiada ficaram de fora. Zé sorriu ao ser deixado. Lembrou que na noite anterior entrou em um cômodo da nave e viu uma das criaturas usar uma pepeta e tirar uma gota do xarope de Zé Caxeiro e pingar sobre uma engenhoca que imediatamente passou a produzir milhares de litros do produto, já saiam prontos em garrafões feitos de um vidro de nitrogênio que se alto gelava. Ao descer os Ets entregaram o frasco praticamente cheio. Zé saiu andando de volta para cidade e não comentou nada com ninguém do que havia acontecido. Já era quase boca da noite quando Nhô Capitinga saiu da toca e nem seguiu para sua malhada , tomou o caminho de volta para a cidade levando nas costas um saco vazio e pensou com seus borbotões: “ Esperem só quando todos souberem dessa novidade”. Neste instante, um feixe de luz azulada foi sobre ele vindo do céu e ele desapareceu. Fora capturado pelos alienígenas e questionado sobre suas intenções de espalhar o acontecido. Ele então disse que seu silêncio tem preço.
Estava para vender sua malhada por conta de uma dívida de 20 mil cruzeiros contraída com Sinhô de Cajuza, não pagava mais os juros e a dívida se multiplicava, então fez a indecente proposta. O et pediu a ele uma moeda e ele tirou do bolso uma moeda de metal de 2 cruzeiros datada de 1950, daquelas que tem um mapa do Brasil na coroa. Os ets a colocaram em uma máquina e imediatamente Nhô ficou alucinado com o tilintar de milhares de moedas iguais que desciam por uma espécie de bica. Pediu então que lhe arrumassem uma máquina dessas o que foi prontamente negado. Encheu o saco de moedas e ao ser deixado na estrada não conseguia carregar de tão pesado que ficou o saco. Então cavou um buraco e enterrou em dois lugares sua botija. Pagou a dívida dias depois, entretanto sobrou ainda muito dinheiro. Mas a coceira na língua , em um dia de bebedeira fez com que ele revelasse o segredo. Contam os mais antigos que depois de espalha na cidade da existência dos Ets sua vida deu pra trás, perdeu as roças e passou a ficar maltrapilho e beberrão. Ninguém acreditava nele e ganhou a fama de mentiroso. Passava dias e noites escavando tentando encontrar parte do dinheiro que não lembrou mais onde escondeu.
Quando alguém se aproximava de Zé de Graça e perguntava se isso de fato aconteceu ele respondia “qui” sempre com um sarcástico sorriso no canto da boca.. Os anos se passaram e ele cheio de ideias novas e projetos mirabolantes, sempre com sua bicicleta ia às tarde para os lados da serra, muitos dizem que mantinha contato frequentemente com os alienígenas, o que ele morreu negando. Em sua oficina começou um novo empreendimento, desta vez da comunicação. A partir de peças de rádios montou uma central de transmissões radiofônica que chegava a todos os lares. Ergueu uma antena no bêco da Santa e colocou no ar a Rádio Zé de Graça onde todos os dias falava, dava notícias do que lia nos jornais e tocava músicas. A rádio foi um sucesso por muitos anos contam os mais antigos moradores de Frei Paulo. Instalou um grande cata-vento e passou a utilizar energia aeólica em sua residência, apesar de trabalhar prestando serviços a Chesf. No inicio dos anos 60 já falava em energia limpa e considerava um absurdo a queima de combustível derivado de petróleo, que naquela época era bem barato. Passou a ter uma visão clara de sua missão na terra. E o que ele exatamente era: nada mais que cientista, matemático, engenheiro, anatomista, arquiteto, botânico, poeta e músico estas eram as suas singelas contribuições para o desenvolvimento humano.
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