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quarta-feira, 6 de julho de 2016

O Gênio Zé de Graça (Cap. 5)


Zé de Graça sempre foi um homem podre, probo e temente a Deus , era a discrição em pessoa, cruzava as ruas da cidade sem olhar para os lados com elegância e desenvoltura, havia desenvolvido e adaptado à sua bicicleta, uma barra circular Monark modelo 1973 um sistema de marchas inédito, com o qual pedalava sem muito esforço. Casou –se com Joaninha que não podia-se dizer que era uma moça de família. O moça sofria discriminação por sua conduta errante numa época de muito preconceito e de rígidas regras morais . Em Frei Paulo o machismo era reinante. Começaram a namorar e ele logo a esposou. Viveram juntos muitos anos até a sua morte em consequência de ascite, aquela doença do fígado que junta água na barriga. Ele transformou a vida daquela jovem, da água para o vinho, então ela mudou e passou a ser excelente esposa e por sinal, religiosa frequentadora assídua das missas do padre João Lima. Ela conheceu Zé quando este tocava na União Lira Paulistana. Aliás, esquecemos de dizer que era excelente músico, saxofonista de mão cheia. Costumava acordar os vizinhos do Bêco da Santa com magistrais execuções de música clássicas. Tocava os dobrados da banda mas, um dia se apaixonou pelas peças geniais de Wolfgang Amadeus Mozart de suas sinfonias, concertos e óperas mais conhecidos, além de seu Requiem. Passou a escrever suas partituras e por horas dedicava-se ao sax. Tocava também de improviso, jazz e blues. Mas nunca se arvorou a compor músicas. Ouvia também numa velha radiola de cerejeira que mais parecia um móvel na sala, clássicos como 1) Johann Sebastian Bach; 2) Ludwig Van Beethoven; 3) Franz Joseph Haydn; 4) Georg Friedrich Händel; 5) Wolfgang "Amadeus" Mozart; 6) Franz Peter Schubert; 7) Claude Debussy; 8) Felix Mendelssohn-Bartholdy; 9) Richard Wagner; 10) Niccolò Paganini; 11) Antonio Lucio Vivaldi; 12) Heitor Villa-Lobos; 13) Johannes Brahms; 14) Luigi Boccherini; 15) Fernando Sor; 16) Franz Liszt; 17) Jean Sibelius; 18) Jean-Philippe Rameau; 19) Piotr Ilitch Tchaikovsky; 20) Gioacchino Rossini. Dividia seu tempo entre tarefas simples na lavoura, estudos de astrologia e astronomia e a música, outra grande paixão.
Zé de Graça também ajudou seu irmão Nezinho Fotógrafo, montou o laboratório e consertava as máquinas fotográficas quando dava qualquer defeito. Montava e desmontava qualquer coisa com muita facilidade. Isso foi um dom que já nasceu com ele. Também ajudava o irmão quando este ia cobrir qualquer evento importante na cidade. Nezinho se estabeleceu na casa que depois passou a morar Bastião, o Barbeiro, na esquina da praça Capitão João Tavares. Era casado com Jovita e ele nos domingos ia com a esposa almoçar com o irmão e cunhada na casa de Nezinho Fotógrafo. Um dia veio parar nas suas mãos um livro espírita que o deixou curioso e fez ele se interessar ainda mais pelas viagens espaciais. O livro chamava-se Urânia a deusa do universo. Urânia era a musa da Astronomia e da Astrologia. Era filha de Zeus e Mnemósine, ou de Urano, gerada sem mãe.
Urânia era mãe de Lino, cujo pai era Apolo. É a mais nova de todas as musas. Leu por semanas esse compêndio e um dia adormecer e teve um sonho no qual se transportou para outras galáxias e enquanto viajava(no sonho) à velocidade da luz, de repente parou diante dessa linda jovem que disse: Muito prazer Zé , meu nome é Urânia. Esta musa é comumente representada vestida de azul, cor que representa a abóbada celeste, tendo em torno de si um globo terrestre, no qual se medem posições com um compasso, numa de suas mãos.
Também possui uma coroa ou diadema formado por um grupo de estrelas; as estrelas também podem ornar todo o seu vestido. Aos seus pés encontram-se espalhados alguns instrumentos matemáticos, razão pela qual, como tacitamente consideram alguns, seria ainda a musa da Matemática e de todas as Ciências exatas.

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