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quarta-feira, 6 de julho de 2016
O Gênio Zé de Graça (Cap. 3)
Zé de Graça era um homem polido um verdadeiro gentleman da sociedade freipaulistana e conseguia a proeza de ser paciente com muitos cuja ignorância transbordava. Um traço marcante de sua personalidade era o tom de voz sempre ponderado, baixo e humilde. Era praticamente impossível perder as estribeiras, cultivava a paciência com maestria e talvez a religiosidade o ajudasse a ser a pessoa amena que era. Carinhoso e atencioso com a esposa que se chamava Joaninha , era uma admiradora do seu modo de viver, ela estava sempre pronta a ajuda-lo em tudo e deixava transparecer a admiração que nutria pelo marido, apesar dos seus hábitos nada convencionais. Nunca viram ele zangado ou reclamando da sorte e esse temperamento sempre ameno poderia ter levado ele a viver mil anos sem envelhecer.
De fato estava velho mas trazia no semblante um olhar que brilhava e o entusiasmo ocupava sua alma graças a mente efervescente sempre ocupada por sonhos insondáveis, a sede permanente pelo desconhecido e pelas descobertas. Alguns poucos se atreviam a fazer comentários jocosos quando a fama de cientista se propagou, mas ele jamais revidou, esse gentleman também jamais foi visto em festa ou bares bebericando como a maioria dos mortais. Um leve sorriso já era uma boa respostas para algumas indiretas dos ignorantes e pobres de espírito que o cercavam e olhe que não eram poucos.
De fato alguém tão misterioso chamaria atenção de muitos por isso garimpava as amizades com uma sabedoria milenar e convivia em harmonia com todos, imprimia respeito e atenção, sua voz franciscana desarmava qualquer espírito de discórdia. Por isso não dispensava dedos de prosa com amigos entre eles o político e fazendeiro João Teles da Costa , prefeito por varias vezes a quem sempre admirou por ser um homem de palavra e tão simples quanto ele. Para bem da verdade sempre desprezou a arrogância mantendo prudente distância dos estúpidos. E conforme já dissemos, jamais foi ávaro e nunca cobiçou a riqueza, amava a simplicidade e o previsível na sua tímida e comedida vida social. Tudo que fazia era matematicamente planejado, falava o mínimo possível. Mas às vezes em poucas palavras desarmava as armadilhas dos ignorantes que tentavam confundir seus planos.
Em casa, nas tardes distantes sob o aconchego pousava demoradamente o olhar sobre velhos cartões postais e viajava por países longínquos, outras vezes por horas e horas viajava a cada coordenada folheando vagamente o mapa mundi em um velho atlas , livro de cabeceira no qual, lia e relia cada número cada palavra , deglutia cada informação acerca de distancia latitude longitude de todo o planeta terra. Em letras tão minúsculas que o fazia lacrimejar. (Daí o costumeiro óculos escuros) Sobre a cabeceira da cama, em sua alcova colou uma foto dos planetas do nosso sistema solar, recortado da revista Conhecer. Dormia mirando a imensidão da via láctea. Habitava um mundo totalmente diferente e nos seus sonhos percorria o universo com sua tão sonhada engenhoca espacial.
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