Sempre pairou sobre os freipaulistanos a desconfiança de que havia um seleto grupo de homens na cidade, detentores de uma sabedoria superior e o motivo para isso seria o conhecimento de coisas que não eram desse tempo mas do futuro. Uma senhora moradora da Av. José da Cunha um dia contou que há muito tempo quando o meio de transporte na cidade era apenas jumentos e cavalos e que a luzes eram provenientes de lampiões que um homem bastante respeitado na cidade conhecido como Totonho Molungu em uma de suas andanças na Serra das Campinas. Dirigia o seu V 8, por sinal o primeiro automóvel a circular pela região. Esse automóvel chamava a atenção de todos principalmente à noite com seus faróis acesos . Coisa que até criava pânico nos matutos. Com vontade de atender necessidades fisiológicas adentrou o mato e ao procurar algo no chão para se limpar achou algo inusitado: Uma pequena arca a qual levou para sua propriedade rural. No seu interior encontrou pergaminhos com escritos em uma língua que não sabia como traduzir.Algumas décadas depois, numa quarta-feira, em 9 de janeiro de 1962, convocou alguns amigos para revelar o estranho achado. O grupo se reunia secretamente na casa de um deles e não conseguiam decifrar os papiros . Foi ai que um deles teve a ideia de chamar Zé de Graça para analisar o achado. Este disse tratar-se de hieróglifos e que com um pouco de paciência conseguiria decifrar o que estava escrito ali. Mas Totonho Mulungu acreditava que aquele estranho material poderia ser uma espécie de mapa do tesouro e que certamente a verdade vindo à tona estariam todos muito ricos. Isso despertou a cobiça e o grupo não permitiu que Zé levasse os papiros para sua casa. Então passaram a se reunir e ele passou a decifrar os escritos, surpreso porque aqueles ensinamentos não eram oriundos do passado, mas sim do futuro. Entre outros importantes ensinamentos estava o projeto de construção de uma nave capaz de ir de um firmamento a outro da terra em segundos à velocidade da luz. Contudo trazia outros ensinamentos os quais com muito esforço foi traduzido e entregue a cada membro do grupo de acordo com suas aptidões. Totonho Molungú, porém mostrou-se arredio e deixou de frequentar as reuniões, dizendo não ter tempo para besteira,mas outros como Zé Caxeiro, Josias Tabareu, Bastos, João Teles entre outros, todos , segundo contam obtiveram grande sabedoria advinda desses escritos,era uma pequena sociedade secreta. Zé de Graça despontou na ciência, Zé Caxeiro na alquimia, Josias Tabareu no comércio, Bastos na arte de ler e escrever e oratória e João Teles na política.Outros deslancharam na agropecuária. Por fim esses pergaminhos foram rateados entre eles e a parte do projeto da máquina voadora ficou com Zé de Graça guardado a sete chaves. Os anos avançaram e os privilegiados pela sabedoria progrediram nos seus conhecimentos. Zé Caxeiro na alquimia, uma prática ancestral, a antiga química exercitada na Era Medieval. Ela une em seu amplo espectro cognitivo noções de química, física, astrologia, arte, metalurgia, medicina, misticismo e religião. A crença mais difundida é a de que os alquimistas buscam encontrar na Pedra Filosofal, mítica substância, o poder de transformar tudo em ouro e, mais ainda, de proporcionar a quem a encontrar, a vida eterna e a cura de todos os males. Bastos tonou-se notável nos seus escritos e oratória brilhante, Josias Tabareu montou sua empresa de ônibus e foi vitorioso em outros empreendimentos e João Teles despontou como a maior liderança política de Frei Paulo sendo eleito prefeito por diversos mandatos e também foi eleito deputado estadual. Mas Zé de Graça foi quem mais lucrou com os ensinamentos desenvolvendo uma inteligência superior e possibilitou o inicio do seu sonho de conquistar o espaço. Então no mais absoluto sigilo começou a rabiscar os primeiros esboços semelhantes aos de Da Vince. Algo que também se assemelhava aos primeiros veículos mais pesados que o ar do início do século passado. Mas como construir uma nave espacial em pleno sertão sergipano numa época de muita turbulência política , com o pais às vésperas de uma revolução. Em uma tarde sob um pé de oiti, Zé sentou-se num banco em frente a casa do Sr Albede e passou a refletir sobre o conhecimento adquirido na arca, como ele é precioso, como encerra joias, e como pode ser também perigoso quando utilizado de forma inadequada.
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