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quinta-feira, 9 de julho de 2015
O MESTRE SORVETEIRO
Quem passa por Frei Paulo, não dispensa uma parada na Sorveteria Real , localizada na praça Capitão João Tavares para saborear o sorvete que ganhou projeção nacional e até mundial. Essa guloseima gelada, feita com muito carinho e amor, foi trazida por um freipaulistano boa praça muito querido e conhecido pelo bom humor e por ser um cidadão muito atencioso com seus clientes. Estamos falando de Natanael Vieira dos Santos, nascido em 13 de outubro de 1933 filho de pais agricultores da zona rural do município. Seu pai é Frebronio Vieira Santos que nasceu em 23 de junho de 1903, de origem holandesa e sua mãe Otília Pereira dos Santos, de origem portuguesa, nascida em 13 de dezembro de 1902.
Antes de entrar para o comércio, onde atuou por 60 anos de maneira bastante séria, foi letrista, ofício que aprendeu com Osvaldo Belo e nessa profissão pintou a fachada de muitas lojas da cidade, depois atuou como representante comercial na distribuidora de bebidas Povir que pertenceu ao Sr. Jaime Barbosa. Conheceu Eurídice Matos nessa época e começou a sonhar com um negócio próprio assim que casou. Com o dinheiro da indenização da Povir em 19 de março de 1956, Natan , como é conhecido iniciou sua atividade empresarial criando o Klass Bar. O prédio foi adquirido e chamava-se Bar de Antônio de Pequeno, fundado por Paulo de Elpídeo.
Mas depois de algum tempo não se sentiu à vontade com o comércio de bebidas, então mudou de ramo e no local passou a funcionar sob sua direção ,uma pequena loja de materiais elétricos e tintas além de ferragens. Por alguns anos manteve-se no ramos mas graças a inspiração de seu cunhado que residia em Recife, chamado José de Mattos, deu um guinada em sua vida ao inaugurar em 25 de janeiro de 1971 a Sorveteria Real. Conta Natanael orgulhoso que o primeiro tabuleiro de picolés que fabricou não chegou a ir para o friser, foi consumido imediatamente. O seu primeiro cliente foi Tonho de Dalida, funcionário dos Correios. Este assim que provou aquela delícia vaticinou o sucesso do empreendimento.
Quem viveu esse período não esquece de como os sorvetes e picolés de Natan faziam sucesso, autoridades que visitavam a cidade e provavam, logo pediam para embalar o sorvete para presentear amigos. E assim, foi ganhando fama que correu o mundo. Mas poucos sabem que por traz desse sucesso tem um segredo de fabricação que poucos tinham acesso. Na verdade, a receita pertence ao fundador do clã do sorvete do Nordeste, o freipaulistano José de Mattos. Ele aos dezoitos anos foi morar em Salvador onde trabalhou no açougue do Sr. Fausto Oliveira, onde gerenciou por muitos anos. Mudou-se depois para Recife e deu iniciou ao negócio de fabricar sorvetes. Logo tomou gosto, cresceu e colocou diversos parentes no ramo e estes fundaram empresas em 20 cidades brasileiras, além de ajudar financeiramente, ele passava tecnologia e receitas. O sucesso de seu sorvete correu os quatro cantos do mundo sendo levado para Londres e degustado pela rainha da Inglaterra.
Mas Natan não esconde sua origem, nem porque que seus picolés que eram disputados por outras sorveterias que o revendia em Itabaiana e Aracaju, onde era encontrado na Vi Sabor, que pertence ao freipaulistano Luis Carlos. “Enquanto outras sorveteria usavam 6 cocos para uma calda, nós colocávamos 20 cocos. O amendoim nós mesmo é que torrávamos” Entre os sabores os mais vendidos eram: côco, amendoim, mangaba e chocolate.
O gosto dos picolés do Natan ainda adoça a nossa infância e ele com muita humildade e a simplicidade de sempre, não se tornou um homem rico, mas sim um homem culto e muito viajado, tendo ido diversas vezes à Europa inclusive para conhecer suas origens. Hoje aos 81 anos de idade, de bem com a vida, parece um jovem sonhador, não atua mais, tendo arrendado seu negócio, mas está ciente de seu dever cumprido, uma vez que, ajudou a fazer a história de nossa cidade de uma maneira muito gostosa e refrescante.
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