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quinta-feira, 9 de julho de 2015

A PRINCESA DO SERTÃO

Os nossos mais remotos remanescentes os Imbiracemas reinavam absolutos nas férteis terras cortadas pelo Rio Imbira entre as matas que entre outras riquezas possuía o mais cobiçado produto da época o Pau Brasil. Matéria prima de alto valor comercial, suas árvores chegavam a 30 metros de altura. Entretanto, seu principal valor residia na produção de um princípio colorante denominado "brasileína", extraído do lenho, usado para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever. A exploração do Pau Brasil intensa gerou muita riqueza ao reino. Por isso diante das invasões francesas e holandesas nos séculos 16 e 17, El Rei determinou a que fosse dado a quem quisesse, para fins de colonização as terras da Chã da Imbira, Grota Funda e Chã do Jenipapo.
Os indígenas que habitavam essas glebas eram os Nhandi-pap, nos seus rituais místicos costumavam pintar o rosto e partes do corpo com uma tinta preta, extraída dos jenipapeiros que predominavam nessas terras. O início da colonização teve como pioneiros o alferes José Alves Teixeira e Brás Vieira de Matos. O primeiro se instalou próximo a uma fonte denominada “Olhos d’água das Bestas” hoje “Tanque de Beber” Isso ocorreu no ano de 1840, onde o pioneiro instalou sua casa e iniciou as suas atividades agropecuárias. Platava algodão, milho, mandioca e possuía pequena criação de gado.
Homem bondoso e de muita fé, José Alves havia servido num regimento de infantaria, daí o título de alferes(sargento). Ao saber da chegada em Itabaiana do missionário capuchinho Antônio Paulo Casanova, reúne os vizinhos de outras propriedades e passam a frequentar as Santas Missões na Freguesia de Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Frei Paulo era um santo missionário, sábio, edificador não media distancia nem esforços para levar a palavra de Deus. Em 1860, o religioso chega à Chã do Jenipapo e por uma semana em Santa Missão, batiza, casa e prega o evangelho de Cristo entre os habitantes. Porém oito anos depois, Frei Paulo retorna à região com uma ideia em mente: Construir uma capela no planalto da Chã do Jenipapo. Em 1868 chega ao local e profere a seguinte expressão: “Belo e gracioso lugar para se construir uma igreja onde Deus seja adorado e conceda muitas graças aos seus adoradores”
Os moradores da Chã do Jenipapo, das proximidades do Tanque dos Cavalos, em inúmeras procissões entoavam cânticos de louvor e carregando pedras, numa titânica peregrinação subiam e desciam o planalto e iniciavam a construção da capela, dedicada ao mais expressivo pregador do evangelho, São Paulo. Na ocasião o frade junto a seu fiel escudeiro Frei Davi estavam tomados pelo santo entusiasmo e ao ver a obra se consolidar disse aos fieis: “Vereis ao derredor desta casa sagrada, muitas casas, morada dos adoradores do senhor onipotente” O senhor Antônio Coelho foi o primeiro a edificar sua casa ao lado da capela. Uma verdadeira profecia, pois a partir dali surgiu a Vila de São Paulo, algum tempo depois tornando-se independente de Itabaiana e finalmente despontando no cenário de Sergipe Del Rei como uma potência econômica.
Esta é a origem de nossa cidade que além de abençoada pelo seu fundador, praticamente um santo em suas diligentes contribuições ao desenvolvimento. Digno de todas as honrarias, sua bênção fez da cidade “ a terra do ouro branco” quando por anos e anos liderou a produção e algodão” e também mais recentemente ostentava o título de ser a maior bacia leiteira do estado. Passando também, incólume pelas investidas do Rei do Cangaço, o Capitão Lampião que rugiu como Leão mas jamais ousou pisar naquele território sagrado, sob o comando do nosso Padre Madeira e a proteção divina do Senhor São Paulo. Sob a proteção de São Paulo e seu fundador Antônio Paulo de Casanova, a cidade de Frei Paulo foi e será a princesa do sertão sergipano.

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