Os nossos mais remotos remanescentes os Imbiracemas reinavam absolutos
nas férteis terras cortadas pelo Rio Imbira entre as matas que entre
outras riquezas possuía o mais cobiçado produto da época o Pau Brasil.
Matéria prima de alto valor comercial, suas árvores chegavam a 30 metros
de altura. Entretanto, seu principal valor residia na produção de um
princípio colorante denominado "brasileína", extraído do lenho, usado
para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever. A exploração do Pau
Brasil intensa gerou muita riqueza ao reino. Por isso diante das
invasões francesas e holandesas nos séculos 16 e 17, El Rei determinou a
que fosse dado a quem quisesse, para fins de colonização as terras da
Chã da Imbira, Grota Funda e Chã do Jenipapo.
Os indígenas que
habitavam essas glebas eram os Nhandi-pap, nos seus rituais místicos
costumavam pintar o rosto e partes do corpo com uma tinta preta,
extraída dos jenipapeiros que predominavam nessas terras. O início da
colonização teve como pioneiros o alferes José Alves Teixeira e Brás
Vieira de Matos. O primeiro se instalou próximo a uma fonte denominada
“Olhos d’água das Bestas” hoje “Tanque de Beber” Isso ocorreu no ano de
1840, onde o pioneiro instalou sua casa e iniciou as suas atividades
agropecuárias. Platava algodão, milho, mandioca e possuía pequena
criação de gado.
Homem bondoso e de muita fé, José Alves havia
servido num regimento de infantaria, daí o título de alferes(sargento).
Ao saber da chegada em Itabaiana do missionário capuchinho Antônio
Paulo Casanova, reúne os vizinhos de outras propriedades e passam a
frequentar as Santas Missões na Freguesia de Santo Antônio e Almas de
Itabaiana. Frei Paulo era um santo missionário, sábio, edificador não
media distancia nem esforços para levar a palavra de Deus. Em 1860, o
religioso chega à Chã do Jenipapo e por uma semana em Santa Missão,
batiza, casa e prega o evangelho de Cristo entre os habitantes. Porém
oito anos depois, Frei Paulo retorna à região com uma ideia em mente:
Construir uma capela no planalto da Chã do Jenipapo. Em 1868 chega ao
local e profere a seguinte expressão: “Belo e gracioso lugar para se
construir uma igreja onde Deus seja adorado e conceda muitas graças aos
seus adoradores”
Os moradores da Chã do Jenipapo, das proximidades
do Tanque dos Cavalos, em inúmeras procissões entoavam cânticos de
louvor e carregando pedras, numa titânica peregrinação subiam e desciam o
planalto e iniciavam a construção da capela, dedicada ao mais
expressivo pregador do evangelho, São Paulo. Na ocasião o frade junto a
seu fiel escudeiro Frei Davi estavam tomados pelo santo entusiasmo e ao
ver a obra se consolidar disse aos fieis: “Vereis ao derredor desta
casa sagrada, muitas casas, morada dos adoradores do senhor onipotente” O
senhor Antônio Coelho foi o primeiro a edificar sua casa ao lado da
capela. Uma verdadeira profecia, pois a partir dali surgiu a Vila de São
Paulo, algum tempo depois tornando-se independente de Itabaiana e
finalmente despontando no cenário de Sergipe Del Rei como uma potência
econômica.
Esta é a origem de nossa cidade que além de abençoada
pelo seu fundador, praticamente um santo em suas diligentes
contribuições ao desenvolvimento. Digno de todas as honrarias, sua
bênção fez da cidade “ a terra do ouro branco” quando por anos e anos
liderou a produção e algodão” e também mais recentemente ostentava o
título de ser a maior bacia leiteira do estado. Passando também,
incólume pelas investidas do Rei do Cangaço, o Capitão Lampião que rugiu
como Leão mas jamais ousou pisar naquele território sagrado, sob o
comando do nosso Padre Madeira e a proteção divina do Senhor São Paulo.
Sob a proteção de São Paulo e seu fundador Antônio Paulo de Casanova, a
cidade de Frei Paulo foi e será a princesa do sertão sergipano.
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