Durante depoimentos à delegada Danielle Garcia, da Delegacia
Especializada em Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração
Pública (Deotap), na manhã desta quarta-feira, 28, o ex-deputado
Raimundo Vieira [Mundinho da Comase], o professor Augifranco Patrick de
Vasconcelos e o irmão Ygor Henrique Batista de Vasconcelos, denunciaram
quando da delação premiada,
mais oito deputados e ex-deputados (as), que também serão investigados
no processo que apura desvio na aplicação das verbas de subvenções. A
informação foi passada esta tarde durante coletiva na sede da Academia
de Polícia (Acadepol).
De acordo com a delegada, o desvio de dinheiro em associações do
município de Lagarto já estava comprovado no inquérito específico.
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Delagada Daniela Garcia |
“Mas a deleção premiada trouxe elementos novos e indicou outras
pessoas, valores desviados, ou seja, acrescentou novos fatos à
investigação que tem que dar um desdobramento diferente. Nós estaremos
encaminhando todas as peças do inquérito ao procurador geral de Justiça
para serem tomadas as providências com relação àqueles que têm foro
privilegiado. As prisões foram necessárias porque precisava estancar a
lavagem de dinheiro e na delação, eles citaram nomes, indicaram a
participação de cada um, como era feita a divisão do dinheiro em
percentuais, mas são informações que ainda precisam ser preservadas
porque as investigações prosseguem”, explica Daniele Garcia.
O promotor e coordenador do Grupo de Combate à Improbidade
Administrativa do Ministério Público Estadual, Henrique Ribeiro Cardoso,
acrescentou que entre os nomes mencionados na delação premiada, constam
oito deputados e não está descartada a prisão.
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Promotor Belarmino Alves explicou como a lavagem de dinheiro era feita |
“Tecnicamente todo mundo pode ser preso porque o processo de lavagem é
permanente quanto ao dinheiro que está sendo lavado, as contas que não
estão sendo prestadas e nós estamos perseguindo o dinheiro. O dinheiro
chegou à associação, onde está? O presidente da associação vai ter que
mostrar e se não estiver na associação para onde foi? Em dado momento é
interessante assumir a culpa dizendo que ficou com os 10% e dizer quem
recebeu os 90%”, ressalta.
Henrique Cardoso irá se reunir nesta quinta-feira, 30, com os demais
promotores do Grupo de Combate à Improbidade. “Esses autos serão
analisados amanhã pelo Grupo e muito provavelmente em razão da menção
que houve ao conjunto de deputados com mandatos, nós iremos encaminhar
ao Procurador Geral de Justiça que deverá instaurar um procedimento de
investigação criminal próprio para que ele prossiga com as investigações
que já estamos fazendo”, diz enfatizando que sem a delação a condenação
é de 15 anos em virtude dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e
organização criminosa e na delação se tem a redução de 1/3 da pena.
Lagarto
Segundo o promotor de Lagarto, Belarmino Alves, a investigação
envolvendo a associação Ala Jovem possui provas robustas. “Essas provas
são obtidas através de quebra de sigilos fiscal e bancário e nós já
vínhamos investigando essa associação desde 2014 pela Procuradoria da
República e a promotoria em Lagarto já investigava outras associações,
passamos também a investigar essa associação pelo volume muito grande de
dinheiro que entrava”, esclarece.
O promotor explicou que em Lagarto, as associações recebem o dinheiro
das subvenções, que é passado em contratos fraudulentos com empresas de
fachadas.
“Eles fazem contratos fraudulentos, entre eles, mesmos, os cheques são
emitidos, mas o dinheiro vai para contas bancárias e é desviado. No caso
da Ala Jovem, existia uma lavagem que era feita pelo próprio Algifranco
que recebia dinheiro de associações de outros municípios e existia o
desvio de verbas feito pela associação presidida por ele em Lagarto,
através da empresa do irmão, a MP10. Imaginávamos o desvio em torno de 3
milhões de reais, mas essa soma já é bem maior”, conclui.
(Fonte Infonet)
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