“Visões valem o mesmo que a retina em que se operam” Francisquinho era
um rapaz calado de poucas palavras, sua timidez era gritante. Nascido de
uma família de pobres agricultores da Serra Preta. No ano de 1968, com a
morte de sua tia, Dona Dolores, na condição de herdeiro veio morar na
cidade de Frei Paulo em uma humilde casa na avenida José da Cunha. Ali
logo fez amizades e dividia-se entre a lida no campo, onde plantava roça
de feijão milho e algodão, e as ruidosas tardes bebendo angico com os
amigos sob um pé de oiti, em frente a bodega de Seu Jozino.
Um
certo dia, ele entrou pelo fundo do terreno do Santo Antônio, onde havia
uma cacimba bem profunda e no seu interior muitas gias de peito, o tira
gosto mais apreciado pelos colegas de bebedeira. Amarrou uma corda a um
cajueiro e desceu no buraco, mas no meio da decida sentiu que um bicho
lhe subiu por baixo das calças. Foi tudo muito rápido, de repente sentiu
a ferruada que o deixou paralisado. Foi atacado por uma aranha
armadeira, que acertou entre um testículo e outro. Pediu socorro mas
ninguém lhe ouviu.
Com muita dificuldade subiu de volta e correu
para o hospital. Lá o Dr. Jairo o examinou e constatou uma incomum
rouxidão e inchaço nos testículos de Francisquinho que já delirava
queimando de febre. O médico passou para ele alguns comprimidos de
aspirina e repouso.No dia seguinte, estava melhor, porém as nove da
manhã, horário exato em que foi picado, teve um ataque de priapismo.
Trocando em miúdos: ereção peniana dolorosa, independente de desejo
sexual, durante um período superior a duas horas, sem levar à
ejaculação, causada por insuficiência de drenagem do sangue que enche os
corpos cavernosos.
Isso ocorreu na hora mais inoportuna, ele
estava jogando sinuca no bar de Diogenes, quando começou uma briga entre
Tourino e o Dono do Bar. Na praça juntou uma multidão para assistir a
peleja. Os dois trocaram socos e pontapés, e no final o pobre do Tourino
acabou nocalteado e com os lábios sangrando. Francisquinho dando boas
gargalhadas, quando um gaiato lhe mostrou a situação. Era um sujeito bem
dotado e o volume sob as calças chamou a atenção de todos, nem mesmo os
gritos e mangações da molecada resolvia o problema. Envergonhado
Francisquinho correu para casa e se trancou.
Então passou a andar
com um guarda chuva e todos os dias o armava naquele exato momento e
levava vida normal. Sabendo de seu problema uma coroa balzaquiana que
morava na rua de Itabaiana, sempre o interpelava e o chamava para sua
casa para tomar uma água e contam as más línguas que a mesma tinha um
acesso de calores que só passava com muito sexo. Todos os dias lá vinha
ele com um guarda chuva na frente e entrava na casa da coroa. Mas isso
não era suficiente. Então Francisquinho, no seu sofrimento vagava pelos
pastos da redondeza a procura de bestas para conter seu apetite sexual
incontrolável.
Dizem que para o lado da Serra Redonda havia uma
burra chamada Vanusa que se apaixonou por Francisquinho e o procurava
onde estivesse. Escapava do curral e relinchava pelas ruas a procura do
namorado. Um dia para sua suprema vergonha, Francisquinho arrumou uma
namorada, uma jovem bonita e de boa família. Estavam voltando da missa
quando Vanusa o avistou. Relinchando a toda altura , se arrepiava toda e
corria como louca em direção a Francisquinho que fugia descabriado. A
vergonha foi tanta que ele se mudou da cidade e até hoje não voltou
mais, dizem que foi trabalhar em Santos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário