Hoje é o aniversário do capitão Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o
bandoleiro das caatingas que fez história . Contava meu pai, Francisco
Alves Bastos, que em 20 de abril de 1929 era uma criança curiosa e que
passou por baixo das pernas dos adultos para ver na feira do Saco do
Ribeiro (Ribeirópolis) o rei do cangaço. Ele me narrou com riqueza de
detalhes, as roupas do cangaceiro, o imponente chapéu e as cartucheiras
cheias de bala e os reluzentes punhais de prata. Viu lampião pousando
para um retrato e o fotógrafo tremendo como vara verde sendo advertido
por Lampião"Tá cum medo de quê cabra tem algum bicho aqui?" Sua estadia
na província causou um rebuliço. Sua chegada foi no dia anterior,
chegou à casa de Neo Madorna informando que se tratava de uma força do
governo e colheu as informações necessárias. Neo estava viajando e
Lampião foi logo dizendo “Aqui tem respeito” e pediu para a mulher fazer
café e se dirigiu pros cabras “Ninguém entra na casa o marido dela num
tá” Na saída deu a mulher 5 mil reis e agradeceu. Estava acompanhado de
Ângelo Roque, Vigílio, Ezequiel e Corisco. Dominaram a polícia e
houveram alguns embates verbais envolvendo o sargento José Pimenta que
ao entregar as armas, mantinha um revolver escondido dentro de uma rede.
Com o dedo na cara do sargento por pouco Corisco não lhe matou. E
disse: "Vosmicê só não vai pros inferno, purque Capitão Lampião num qué
morti em Segipi” Tem um episódio marcante, do comerciante Felismino
Passos que fazia parte de uma lista de abastados que teriam que dar uma
contribuição de 200 mil reis. Felismino colocou suas mercadorias à
disposição alegando não ter dinheiro. Lampião indagou; “O sinhô tem bala
de parabelo? Tenho sim , respondeu e trouxe todo seu estoque, além de
outras mercadorias como lenços, perfumes etc. Mas chegou aos ouvidos de
Lampião por meio de um irmão, desafeto de Felisberto, chamado Peba de
Pedro de Dodô,que o comerciante estaria passando a perna nos
cangaceiros. Lampião foi tirar a limpo a história. Corisco agarrou
Felisberto e já ia sangrar o sujeito quando sua mulher interveio
oferecendo o dinheiro escondido. Uma quantia vultosa: 5 contos de reis.
Lampião ainda juntou umas moedas e jogou para as crianças, e no momento,
um popular conhecido como João Puga passou a catar. Então Volta Seca
lhe aplicou socos e Chibatadas que o deixou botando sangue pela boca. E
Lampião lhe disse: “ Para cum essa brincadeira Vorta Seca”.
Ele
queria ir a Itabaiana, mas foi desaconselhado pelo chefe político
Otoniel Dórea com quem trocou amabilidades em uma conversa telefônica
na qual lhe tratava como Coroné Dorinha e o chamava de colega pelo fato
de ter como ele um olho cego. Costumava dizer que dois olhos era luxo.
Seguiu Lampião para sua primeira viagem a Alagadiço e lá, o seu guia
era Antônio de Chiquinho, forte, destemido, tinha até os trejeitos de um
cangaceiro. Dizem que logo ganhou a confiança do bando e com ele subiu o
Grotão. Do outro lado, Lampião foi recebido pelo fazendeiro Sinhô
Barbosa, proprietário da fazenda Serra Preta. Lampião manifestou a
vontade de conhecer Aracaju e ficou fulo da vida porque o fazendeiro
ironizou: “ Com apenas 9 cabras?” Apois vou lhe amostrá iscute as
notiças!, retrucou.
Depois disso, o bando de Lampião avançou
singrando as matas em direção a Lagoa Cumprida, indo dar com os costados
na fazenda do coronel Napoleão Emídio onde chegou exausto, comeu bem e
dormiu. Como a noticia de sua passagem pelo Saco do Ribeiro chegou a
São Paulo, cogitou-se com uma tropa de 10 homens surpreender Lampião na
Lagoa Cumprida em seu repouso, o que por algum motivo não foi possível.
No dia seguinte Lampião pediu 3 contos de reis a Napoleão, mas este com
seu jeito bem típico de caboclo sertanejo valente e decidido disse que a
situação estava difícil e deu um conto de reis ao capitão que aceitou
sem questionar e seguiu sem discutir. (Fonte de pesquisa: Lampião a
Raposa das Caatingas)
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