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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Mundinho da Comase e irmãos da Ala Jovem fazem exame de corpo de delito

Na tarde desta sexta-feira (31) o ex-deputado Mundinho da Comase e os irmãos Augifranco Patrick de Vasconcelos e Igor Henrique Batista de Vasconcelos, foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para realizarem o exame de corpo de deleito.

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública (SSP), a delegada Danielle Garcia, a justificativa para realização dos exames, foi a informação que circulou nas redes sociais de que um dos três presos havia sido agredido. Logo após o exame os três retornaram para a Delegacia Plantonista. 

Durante a manhã de hoje, o ex-deputado foi levado para um hospital particular da capital, pois havia se sentido mal. Ele realizou exames e foi liberado no início da tarde.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Começou a Lava a Jato de Sergipe

Durante depoimentos à delegada Danielle Garcia, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap), na manhã desta quarta-feira, 28, o ex-deputado Raimundo Vieira [Mundinho da Comase], o professor Augifranco Patrick de Vasconcelos e o irmão Ygor Henrique Batista de Vasconcelos, denunciaram quando da delação premiada, mais oito deputados e ex-deputados (as), que também serão investigados no processo que apura desvio na aplicação das verbas de subvenções. A informação foi passada esta tarde durante coletiva na sede da Academia de Polícia (Acadepol).
De acordo com a delegada, o desvio de dinheiro em associações do município de Lagarto já estava comprovado no inquérito específico.
Delagada Daniela Garcia
“Mas a deleção premiada trouxe elementos novos e indicou outras pessoas, valores desviados, ou seja, acrescentou novos fatos à investigação que tem que dar um desdobramento diferente. Nós estaremos encaminhando todas as peças do inquérito ao procurador geral de Justiça para serem tomadas as providências com relação àqueles que têm foro privilegiado. As prisões foram necessárias porque precisava estancar a lavagem de dinheiro e na delação, eles citaram nomes, indicaram a participação de cada um, como era feita a divisão do dinheiro em percentuais, mas são informações que ainda precisam ser preservadas porque as investigações prosseguem”, explica Daniele Garcia.
O promotor e coordenador do Grupo de Combate à Improbidade Administrativa do Ministério Público Estadual, Henrique Ribeiro Cardoso, acrescentou que entre os nomes mencionados na delação premiada, constam oito deputados e não está descartada a prisão.
Promotor Belarmino Alves explicou como a lavagem de dinheiro era feita
“Tecnicamente todo mundo pode ser preso porque o processo de lavagem é permanente quanto ao dinheiro que está sendo lavado, as contas que não estão sendo prestadas e nós estamos perseguindo o dinheiro. O dinheiro chegou à associação, onde está? O presidente da associação vai ter que mostrar e se não estiver na associação para onde foi? Em dado momento é interessante assumir a culpa dizendo que ficou com os 10% e dizer quem recebeu os 90%”, ressalta.
Henrique Cardoso irá se reunir nesta quinta-feira, 30, com os demais promotores do Grupo de Combate à Improbidade. “Esses autos serão analisados amanhã pelo Grupo e muito provavelmente em razão da menção que houve ao conjunto de deputados com mandatos, nós iremos encaminhar ao Procurador Geral de Justiça que deverá instaurar um procedimento de investigação criminal próprio para que ele prossiga com as investigações que já estamos fazendo”, diz enfatizando que sem a delação a condenação é de 15 anos em virtude dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa e na delação se tem a redução de 1/3 da pena.
Lagarto
Segundo o promotor de Lagarto, Belarmino Alves, a investigação envolvendo a associação Ala Jovem possui provas robustas. “Essas provas são obtidas através de quebra de sigilos fiscal e bancário e nós já vínhamos investigando essa associação desde 2014 pela Procuradoria da República e a promotoria em Lagarto já investigava outras associações, passamos também a investigar essa associação pelo volume muito grande de dinheiro que entrava”, esclarece.
O promotor explicou que em Lagarto, as associações recebem o dinheiro das subvenções, que é passado em contratos fraudulentos com empresas de fachadas.
“Eles fazem contratos fraudulentos, entre eles, mesmos, os cheques são emitidos, mas o dinheiro vai para contas bancárias e é desviado. No caso da Ala Jovem, existia uma lavagem que era feita pelo próprio Algifranco que recebia dinheiro de associações de outros municípios e existia o desvio de verbas feito pela associação presidida por ele em Lagarto, através da empresa do irmão, a MP10. Imaginávamos o desvio em torno de 3 milhões de reais, mas essa soma já é bem maior”, conclui.
(Fonte Infonet)

Delegada detalha prisão de ex-deputado

"Desde 2011 essa associação envia 90% do dinheiro recebido para apenas uma empresa, MP10, que é a empresa do irmão dele. Só Algifranco movimentou cerca de R$ 3 milhões". A afirmação é da delegada Daniele Garcia, que em entrevista à imprensa na manhã desta quarta-feira, 29, falou sobre a operação que resultou na prisão do ex-deputado Mundinho da Comase e mais duas pessoas hoje. A delegada disse ainda que "o deputado Mundinho não tem mais foro privilegiado como deputado, e por isso foi possível pedir a prisão dele". E acrescentou: "há informações por confirmar que outros deputados também estejam envolvidos nisso".
 
A delegada fala também das especulações de que deputados teriam pedido o seu afastamento. em especial do caso das subvenções. Ouça a entrevista completa:

terça-feira, 28 de julho de 2015

Petrolão de pobre.

O Grupo de Ações Táticas do Interior (Gati) prendeu no último sábado, 25, Hugo dos Santos Andrade, 21 anos, Alberdan Santos, 20, e um adolescente de 17 anos, suspeitos de furtar fios de cobre da base da Petrobras, situada no município de Carmópolis. 
Agentes de segurança da Petrobras acionaram os policiais e informaram que os indivíduos estariam descascando fios de cobre furtados da empresa petrolífera. Equipes do Gati se dirigiram ao local e, após diligências, conseguiram deter três acusados em flagrante.
Os acusados foram encontrados nas imediações do local do furto em poder de uma arma branca, tipo faca peixeira, além de cerca de 40 quilos fios de cobre descascados.

O trio e todo o material apreendido foram conduzidos à Delegacia Regional de Propriá, para adoção de providências.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

UM TRABALHO RECONHECIDO


O prefeito de Frei Paulo José Arinaldo de Oliveira Filho, faz parte de uma nova safra de prefeitos realizadores, por isso ele tem um olhar positivo sobre as iniciativas pelo bem da população. Com isso, Frei Paulo tem uma administração pulverizada, ou seja, as obras contemplam todos os povoados do município. Um exemplo disso é a escola José Israel, unidade modelo do Povoado Mocambo que está em fase de conclusão e será inaugurada em agosto próximo. Outra escola modelo, também foi construída em Alagadiço. Além de priorizar a saúde e a educação o prefeito mudou a face dessas localidades, dotando-as de infraestrutura. Pavimentou ruas, construiu praças. Foi-se o tempo em que as ações do executivo municipal contemplavam somente a sede do município, esquecendo a população dos povoados tão carentes de uma efetiva ação por parte da administração. Zé Arinaldo quebrou esse paradigma, descentralizando a administração e levando inúmeros benefícios a essas comunidades.
Se for para traçar um perfil de sua gestão, teremos que citar a priori, o ganho em áreas importantes do desenvolvimento, de forma mais abrangente. Reconhecido hoje pelos habitantes da cidade, premiado a nível nacional. Tem sua gestão o foco sobre saúde, educação, agricultura, meio ambiente, assistência social e empreendedorismo e tem principalmente o foco nas pessoas. “Não pode haver desenvolvimento se não houver desenvolvimento humano" assegura o prefeito.

terça-feira, 14 de julho de 2015

FREI PAULO É UM CANTEIRO DE OBRAS

O Centro Cultural de Frei Paulo vai criar diversas oportunidades para os artistas locais, a obra está a todo vapor conforme informa nosso colega Raimundo Vasconcelos da Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal de Frei Paulo. O novo espaço, foi concebido pelo arquiteto Eduardo Calomagno, e vai colocar Frei Paulo no circuito cultural do país. Idéia arrojada e que vai dar fôlego às atividades culturais da região. Essa obra orçada em aproximadamente Hum milhão e oitocentos mil reais, os recursos são provenientes do Governo Federal, via Ministério do Turismo, através do programa ‘Cultura e Turismo Cultural’, além, é claro, de contrapartida financeira da Prefeitura. O Prefeito Zé Arinaldo não para de trabalhar e abre diversas frentes de obras no município , sem dar bolas para crise financeira que afeta país. Além dos recursos alocados através de programas do Governo Federal, o prefeito tem conseguido aprovar diversas emendas orçamentárias para a realização dessas obras. Tudo isso, fruto do bom relacionamento que mantém com a bancada dos deputados sergipanos na Câmara Federal, exemplo de trabalho sério que gera bons resultados para a população. “Trabalhar pelo desenvolvimento de Frei Paulo, essa tem sido a tônica de nossa gestão” afirma o prefeito Zé Arinaldo que em breve anunciará novas obras.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A FAZENDA DO MUDO




A casa de D. Neildes fazia parte de minha vida. Além de gostar muito das brincadeiras do seu filho Dudú, que teve uma infância cheia de aventuras, como não existe mais nos dias de hoje. Era tão criativo e caprichos, esse amigo maravilhoso, que nossa geração,sob sua influência mal começava a conhecer a televisão, com seus programas Shazam Xerife e Cia e Vila Césamo, mas prefería fazer o seu próprio enredo, em brincadeiras inesquecíveis e que não cessavam jamais. Fui aluno da Banca de Maria de Neildes, e vez por outra apreendia alguma lição com sua mãe, também mestra tarimbada que dava aulas no Martinho Garcez, D. Neildes era um exemplo de bondade e sabedoria. Jamais vi tamanha generosidade e tenho certeza que dinheiro nenhum do mundo compra a nobreza da alma e o sentimento que vem naturalmente do coração.
Para mim o maior prazer era quando ela me levava para a malhada, uma pequena propriedade que eles possuíam logo depois da Imbira antes de chegar ao Açude Buri. Ali havia um lindo tanque farto em traíras e ipês amarelos entre as caatingas distantes. Na humilde casa morava o filho Henrique e o amigo Gileno, mas nos domingos a alegria tomava conta do lugar. Só a caminhada até lá sentido a brisa da manhã já valia o passeio. À noite o luar do sertão era nosso lume. Até o cachorro, Soinha, demonstrava satisfação, os cheiros de comida boa feito com muito esmero no fogão de lenha, guardião dos segredos dos gostos e aromas que só em lembrar dá água na boca. Nos deliciava a beleza daquele lugar que parecia mágico e entre caçadas e pescarias o dia se esvai numa velocidade avassaladora. Era conhecido como a Fazenda do Mudo.
A noite Gileno nos contava estórias impressionantes de sacis, lobisomens e lusernas que ganhavam vida naquele clima tão realista da noite do sertão. Era impossível não acreditar porque ele próprio acreditava piamente no que nos contava. Ao sair para a próxima caçada levava fumo de rolo para colocar num toco de árvore, uma oferenda ao Saci Pererê, para que a gente não se perdesse. Como se o Saci fosse de confiança. O mudo olhava e ria de nossas caras assustadas.
Um dia munidos de toda a indumentária necessária, com nossos chapéus de palha e candeeiros na fronte, adentramos os mistérios daquelas matas tão inóspitas, prenhes de labirintos. Em pleno inverno, as noite molhadas de agosto propiciavam o aparecimento de serpentes. " Não se preocupem esse mato eu conheço como a palma de minha mão" disse o nosso guia. Ninguém matou nenhuma rolinha naquela noite, e ficamos por horas perdidos rodando em circulo. Eu era muito pequeno e percebi o desespero de Gileno. Não parava de se lamentar , passamos horas e horas rodando no mato e nada de encontrar a saída. "Estamos perdidos maldito Sací" repetia ele com cara de desespero e rosto brilhoso de querosene. Entravamos em terrenos pantanosos e a todo instante ouvíamos gritos de colegas levando carreira de cobra choca, caminhavamos léguas e leguas e, de novo no mesmo lugar.
Lá pela madrugada , com água no pescoço e no seco, finalmente nosso guia achou uma vereda que nos levou de volta à malhada. Chegamos muito cansados e com as pernas e braços feridos por um arvoredo chamado unha de gato. Até hoje me pergunto o que eu fazia nessas faxiadas, ruim de pontaria na baleadeira,não matava os pássaros de dia, imaginem à noite na escuridão.
Mas quando o dia raiava o cheiro do café e o aroma do cuscuz de milho verde nos enchia de apetite. O cachorro latia, o galo cantava, o boi mugia, assanhaços e sofrês e anúns entoavam lindos cânticos no terreiro numa sinfonia matinal. D. Neildes nos passava uma sensação de segurança e aconchego enquanto conduzia à mesa suas briosas panelas, cheias de sentimentos nobres, entre eles um chegava a transbordar: felicidade, expressada por um eterno sorriso. Jamais esqueci, aqueles dias maravilhosos que nos proporcionava, tornando única nossa infância.

domingo, 12 de julho de 2015

SERGIPE SE DESPEDE DE ROSALVO ALEXANDRE




Alegre, falastrão, bom de papo, Rosalvo Alexandre vai deixar saudade na vida aracajuana. Ingressou na política estudantil ainda muito jovem integrou os quadros do PCB e atuou no Colégio Atheneu. Foi preso e torturado na Operação Cajueiro, durante a ditadura militar, mas nem por isso mudou sua conduta, sempre de bem com a vida, sua presença em mesas boêmias, era sinônimo de boas gargalhadas.  Foi vereador de Aracaju 1989 a 1993 pelo PMDB, partido que abraçou com  a abertura democrática do país.  Tornou-se um articulista de primeira hora e sua atuação para a eleição de Déda foi fundamental. Puxava as passeatas e organizava comícios nos bairros com um entusiasmo contagiante.  Ao assumir o primeiro governo o ex-governador Marcelo Déda não o nomeou para cargos no governo, mas sua influência era inegável, era na verdade homem forte do governo, e conselheiro do governador. Com a morte de Déda em 2013, amigo pessoal e correligionário de Jackson Barreto, também foi a campo pela eleição do amigo do PMDB que se elegeu no primeiro turno. A morte de Rosalvo Alexandre criou um profundo vazio em quem participa da vida política dos últimos tempos em Sergipe. Sua participação e articulação vão fazer falta, além do execelente caráter e dignidade, marcas desse homem.

  Amigo querido, até mesmo dos mais humildes, Rosalvo Alexandre aprendeu a trabalhar nos bastidores, tinha influência política, mas nem por isso se tornou vaidoso e ouvia a todos. Foi esse trânsito livre em todas as esferas da sociedade que o consagrou. Até mesmo os poetas, jornalistas e artistas da cidade de Aracaju  nutriam por ele muita admiração. Quem não se lembra do tradicional “ Jabá com Abóbora”  que  ele promovia todos os finais de ano, era um termômetro dos rumos políticos do estado reunindo artistas, intelectuais e políticos das oposições.

 O último ato que participou, foi no dia 30 de junho quando foi instalada a Comissão da Verdade, pousou ao lado do amigo governador Jackson Barreto, que já se pronunciou sobre a grande perda do amigo. Jackson encontra-se fora do pais, mas fez questão de lamentar nas redes sociais a perda do amigo chamado por ele de “irmão”. Morreu vítima de uma crise respiratória em Belo Horizonte.

Segundo o presidente da Fundação Renascer Wellington Mangueira, um dos colegas de militância de sua juventude Rosalvo Alexandre pode assim ser definido: "Rosalvo é um homem a quem Sergipe deve grandes homenagens. Foi preso de torturado na Operação Cajueiro e nunca deixou de atuar nas causas democráticas e populares. Nesses últimos 35 anos, não se pode falar em política brasileira sem falar em Rosalvo Alexandre. Ele era um grande articulador. Um amigo sincero, honesto e de caráter ilibado»

HISTÓRICO

 Engenheiro Agrônomo por formação, Rosalvo Alexandre iniciou a militância política no colégio estadual Atheneu, quando integrou a base estudantil do Partido Comunista Brasileiro (PCB), à época um partido clandestino.  Durante a ditadura militar, foi preso na Operação Cajueiro e torturado. Filou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, o qual deu origem ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Junto ao governador Jackson Barreto, ajudou a fundar a Sigla em Sergipe. Seu corpo neste momento está sendo velado na AEASE, e será sepultado amanhã no cemitério Colina da Saudade.



sábado, 11 de julho de 2015

PREFEITO INSPECIONA OBRAS NOS POVOADOS

Para o prefeito de Frei Paulo Zé Arinaldo, final de semana é sinônimo de trabalho. As obras por todo o município não param. Na manhã de hoje, ele e alguns auxiliares, visitaram as obras de pavimentação do povoado Serra Redonda que seguem em ritmo acelerado , trazendo inúmeros benefício àquele povoado. Ali as ações da Prefeitura de Frei Paulo tem melhorado substancialmente a vida dos moradores e o próprio prefeito faz questão de checar o andamento dessas ações. Segundo o prefeito, para acompanhamento e avaliação permanente das ações administrativas, bem assim permitir os ajustamentos necessários ao bom desempenho dos programas e projetos em andamento, garantindo, portanto, a eficiência, eficácia e efetividade dos gastos públicos. A simples presença do chefe do executivos nas obras, motiva os operários a dar o melhor de si, disse uma moradora que elogiou o trabalho que traz excelentes resultados, inclusive para a saúde dos moradores. Ruas pavimentadas , livres de lama e de esgotos tem sido a meta da administração, trabalho sério e constante acompanhado passo a passo pelo prefeito.

O DILEMA DE FRANCISQUINHO

“Visões valem o mesmo que a retina em que se operam” Francisquinho era um rapaz calado de poucas palavras, sua timidez era gritante. Nascido de uma família de pobres agricultores da Serra Preta. No ano de 1968, com a morte de sua tia, Dona Dolores, na condição de herdeiro veio morar na cidade de Frei Paulo em uma humilde casa na avenida José da Cunha. Ali logo fez amizades e dividia-se entre a lida no campo, onde plantava roça de feijão milho e algodão, e as ruidosas tardes bebendo angico com os amigos sob um pé de oiti, em frente a bodega de Seu Jozino.
Um certo dia, ele entrou pelo fundo do terreno do Santo Antônio, onde havia uma cacimba bem profunda e no seu interior muitas gias de peito, o tira gosto mais apreciado pelos colegas de bebedeira. Amarrou uma corda a um cajueiro e desceu no buraco, mas no meio da decida sentiu que um bicho lhe subiu por baixo das calças. Foi tudo muito rápido, de repente sentiu a ferruada que o deixou paralisado. Foi atacado por uma aranha armadeira, que acertou entre um testículo e outro. Pediu socorro mas ninguém lhe ouviu.
Com muita dificuldade subiu de volta e correu para o hospital. Lá o Dr. Jairo o examinou e constatou uma incomum rouxidão e inchaço nos testículos de Francisquinho que já delirava queimando de febre. O médico passou para ele alguns comprimidos de aspirina e repouso.No dia seguinte, estava melhor, porém as nove da manhã, horário exato em que foi picado, teve um ataque de priapismo. Trocando em miúdos: ereção peniana dolorosa, independente de desejo sexual, durante um período superior a duas horas, sem levar à ejaculação, causada por insuficiência de drenagem do sangue que enche os corpos cavernosos.
Isso ocorreu na hora mais inoportuna, ele estava jogando sinuca no bar de Diogenes, quando começou uma briga entre Tourino e o Dono do Bar. Na praça juntou uma multidão para assistir a peleja. Os dois trocaram socos e pontapés, e no final o pobre do Tourino acabou nocalteado e com os lábios sangrando. Francisquinho dando boas gargalhadas, quando um gaiato lhe mostrou a situação. Era um sujeito bem dotado e o volume sob as calças chamou a atenção de todos, nem mesmo os gritos e mangações da molecada resolvia o problema. Envergonhado Francisquinho correu para casa e se trancou.
Então passou a andar com um guarda chuva e todos os dias o armava naquele exato momento e levava vida normal. Sabendo de seu problema uma coroa balzaquiana que morava na rua de Itabaiana, sempre o interpelava e o chamava para sua casa para tomar uma água e contam as más línguas que a mesma tinha um acesso de calores que só passava com muito sexo. Todos os dias lá vinha ele com um guarda chuva na frente e entrava na casa da coroa. Mas isso não era suficiente. Então Francisquinho, no seu sofrimento vagava pelos pastos da redondeza a procura de bestas para conter seu apetite sexual incontrolável.
Dizem que para o lado da Serra Redonda havia uma burra chamada Vanusa que se apaixonou por Francisquinho e o procurava onde estivesse. Escapava do curral e relinchava pelas ruas a procura do namorado. Um dia para sua suprema vergonha, Francisquinho arrumou uma namorada, uma jovem bonita e de boa família. Estavam voltando da missa quando Vanusa o avistou. Relinchando a toda altura , se arrepiava toda e corria como louca em direção a Francisquinho que fugia descabriado. A vergonha foi tanta que ele se mudou da cidade e até hoje não voltou mais, dizem que foi trabalhar em Santos.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

UM LÍDER MUNICIPALISTA

A população de Frei Paulo pode se orgulhar do prefeito que elegeu . O jovem José Arinaldo de Oliveira Filho surpreende até mesmo a oposição pela sua gestão. Nenhum município sergipano conseguiu o volume de recursos para obras de infraestrutura como Frei Paulo. A receita para isso tem sido a forma zelosa como a administração trata a coisa pública. Frei Paulo mantém em dia a folha de pagamento , direciona recursos para investimentos e honra suas obrigações para com o Tesouro Nacional. O modelo administrativo, rende não só o reconhecimento da população, mas também de outras esferas do poder. Em uma de suas recentes idas a Brasília , o prefeito transitava pela Câmara Federal e inúmeros parlamentares de diversas agremiações partidárias fizeram questão de lhe parabenizar. O motivo foi a reportagem levada ao ar pelo programa Conexão Repórter onde o município de Frei Paulo serviu de parâmetro para mostrar os preços justos nas licitações da merenda escolar.
O prefeito foi muito assediado, inclusive a Folha de São Paulo queria fazer uma matéria sobre o tema, mas o prefeito preferiu o anonimato. Na verdade não só na merenda, mas nas obras e todos as questões que envolvem recursos públicos, Frei Paulo é um exemplo de transparência e principalmente de austeridade. Os fornecedores chegam a reclamar da forma como o prefeito faz as aquisições, extremamente exigente não permite desperdiçar um centavo do dinheiro público. Todo esse panorama de obras que a cidade vive, tem haver com a austeridade do administrador. As obras precisam de contrapartida, a maioria 20% do valor da obra. Fazendo economia e poupando recursos e com total atenção aos programas do Governo Federal, na gestão atual dezenas de obras são executadas na sede municipal e nos povoados.
O administrador público é o responsável direto por seus gastos, saber investir mostra um melhor resultado, e esse resultado se traduz em obras de infraestrutura e essas nenhum município sergipano tem a desenvoltura de Frei Paulo. O elenco de obras que vai da construção de escolas, centro de convenções, saneamento básico e muito mais reafirma a disposição desenvolvimentista da gestão. Seria preciso muitas páginas para listar as conquistas desse prefeito, que hoje desponta como uma liderança municipalista em Sergipe. Conhecendo os trâmites e com excelente trânsito nos ministérios, Zé Arinaldo tem ajudado a muitos colegas prefeitos a trazer benefícios a suas cidades. Mesmo integrando um partido de oposição ao governo.
Quem conheceu Frei Paulo há 10 anos atrás, se comparado com os dias de hoje vai constatar o avanço, em todos os níveis, principalmente no humano, onde o salto qualitativo é mais visível. Fora isso a cidade ganhou praças bonitas, um completo Parque de Exposições e mais humanidade. E todos esses benefícios que favorece a todos indistintamente, tem um responsável: o próprio povo que teve a sabedoria e discernimento de escolher o seu melhor representante.

AMANHÃ FERIADO

A Semana da Pátria era bem diferente naqueles tempos de Brasil grande . A campanha ufanista entrava pela porta da frente das escolas e nós, meninos cheios de esperança, cantávamos embevecidos o hino nacional e o hino da bandeira . E mesmo nas ruas ouvia-se e cantava-se instintivamente o sucesso da dupla Don e Ravel, o estrondoso sucesso “Eu te amo meu Brasil”. O povo, imensamente feliz também com o fato do Brasil ter faturado a copa do mundo do México. A musica ufanista era também utilizada amplamente pelo governo em eventos cívicos.
Naquele fatídico 6 de setembro de 1970, eu era um garoto de 8 anos vestido num uniforme quente que no Educandário Imaculada Conceição era denominado de farda de gala. Saímos da formatura na Praça da Matriz, sob o olhar vigilante de D. Caçula que estava atenta aos mínimos detalhes para que seus alunos estivessem simplesmente impecáveis naquele momento tão importante diante das autoridades. A União Lira Paulistana também com seu uniforme de gala entoava dobrados militares.
Ficamos ao sol, perfilados em frente ao Coreto, segurando bandeirinhas de papel, e mais atrás, estavam também os alunos do Martinho Garcez, quando teve início a solenidade com o hasteamento do Pavilhão Nacional. Ao microfone Djalma Nunes por mais de uma hora , na qualidade de orador oficial proferia um discurso no qual não economizava em palavras difíceis e rebuscadas enquanto o prefeito João Teles vestido numa calça de linho branca e uma avantajada camisa volta ao mundo também branca apenas abanava a cabeça.
Djalma usava o seu surrado terno azul e uma gravata preta , aliás a mesma indumentária tão conhecida em centenas de enterros onde com sua empedernida oratória emocionava os freipaulistanos e o credenciava a tão briosa missão. “ Quero aqui dirigir-me, com a alma pejada de orgulho a essas crianças que um dia, no descortinar de uma aurora varonil serão a esperança dessa afortunada nação” “Saudar o presidente Emílio Garrastazu Médice pelas esplendorosas obras e de nos guardar da sombra negra do comunismo que ameaçava esta nação”
E entre homenagens e saudações às autoridades o discursos acabou com a seguinte frase: E agora meus queridos compatriotas: duas palavrinhas do nosso prefeito. O prefeito João Teles , ex-deputado estadual pela Arena e prefeito por diversas vezes era homem de poucas palavras e para não decepcionar seu mestre de cerimônia o seu discurso de fato não passou de duas palavrinhas; “Amanhã feriado” Recebeu uma calorosa salva de palmas.

O EDUCANDÁRIO NOSSA CASA NOSSA VIDA

Ir ao Educandário Paroquial Imaculada Conceição pela manhã, fez parte de minha rotina por 7 anos , não que tenha repetido de série, é que a escola de forte vocação cristã primava tanto pela qualidade educacional de seus alunos, que eram necessários 7 anos para conclusão do que naquela época chamávamos de primário. Entrei no Infantil sob a proteção integral de D. Raquel, e ali me divertia muito com minha turma fazendo atividades como desenhos, jograis e participando da “Bandinha do ABC” comandada pelo músico e professor Pedro de Elpídeo, que nos ensinava a tocar enquanto nos divertia com sua espirituosidade desconcertante. Passei pelo pré-primário A e B com as professoras Ceiça e Êdne. E o quê dizer de Marivone, filha do alfaiate Antônio Benedito? Um doce de pessoa. E depois do pré-primário B, saiamos alfabetizados e tarimbados para o primeiro ano. As professoras cada uma demonstrando especial dedicação com suas turmas. Destaque para D. Iraci. Mas de todas elas, cabe destacar, em primeiro lugar D. Caçula. Ela era a diretora da escola e o amor que sempre devotou ao Educandário e seus alunos é algo muito raro. Uma mestra completa, quem passou pelos seus ensinamentos jamais esquece de sua incomum dedicação, exigente, dura com as lições queria realmente ver seus alunos sabendo das matérias. Mas paralelo a isso, um enorme coração, da mestra zelosa e abnegada, uma espécie de segunda mãe. Capaz de chorar com os momentos difíceis da vida dos seus alunos.
Tinha D. Caçula a preocupação de ver toda a turma pronta para brilhar na vida, e por isso não avançava no desenvolvimento das matérias enquanto todos, sem exceção, não dominassem o assunto. Era comum vê-la interromper a aula e ficar ao lado do aluno, principalmente os que sentiam dificuldade de aprendizado. Avaliando e ensinando pacientemente chegava a irritar a turma. Era comum até mesmo nos momentos de descanso, vê-la em sua casa revisando assuntos com seus alunos. Atenta a tudo D. Caçula que era a professora do quarto ano, percorria de sala em sala para ver com os próprios olhos o andamento da escola. Com inspiração, discorria sobre sintaxe, semântica e morfologia e depois encerrava a aula com suas complexas inequações logarítmicas . Daí a confiança dos pais e do Padre João Lima nessa mestra extraordinária pela sua multidisciplinaridade. Ela era os olhos do padre João.
O Educandário Imaculada Conceição, habita ainda hoje o imaginário de quem teve o privilégio de vive-lo, possuía uma magia que nos transportava a um mundo imaginário e de sonhos, hoje tantos anos depois lembro de cada detalhe dessa escola encantadora: O esqueleto que servia para as aulas de ciência, os mapas emoldurados e a biblioteca repleta de clássicos da literatura mundial. Não existe nas escolas de hoje. O galpão onde aconteceram festas memoráveis e palestras era também palco onde o teatro se apresentava. A quadra, as árvores, a mangueira e uma centenária jaqueira que nos dava generosamente seus frutos doces como mel. Ao lado, o belíssimo pomar de Sá Donona, repleto de fruteiras, era alvo de bem sucedidas investidas. A escola era vida. Ali aprendemos a respeitar os mais velhos, a ter empatia , essa capacidade tão em falta nos dias de hoje de nos colocar no lugar de nossos semelhantes.
O orgulho de vestir seu uniforme estava presente em cada um de nós, principalmente nas festas cívicas e religiosas onde garbosos desfilávamos com toda singularidade, sob o olhar admirado de nossos pais, que embevecidos contemplavam a beleza e a felicidade em nossos olhos sonhadores. Quando fagueiros, ganhávamos as ruas impecáveis,enfileirados com nossos trajes de gala. O Educandário era nossa casa, nossa vida. Nosso mundo. Seria impossível descrever sobre aquele maravilhoso passado histórico e de tão rara beleza sem que a alma não se encharque de sentimentos. O que hoje lamentavelmente ameaça desaparecer, foi uma parte importante de muitas vidas. Como lidar com isso sem sentir uma vontade incontrolável de embargar a voz e de realmente chorar? Onde quer que estejam, o Padre João Lima , D. Caçula, D. Raquel. D. Inês, Dete e Dadá (que cuidavam com muito carinho da limpeza) e os colegas de saudosa memória como Antônio Carlos de Aldo, Gilmar de Dezinho, Bento de Diógenes, Teresinha de João da Lua, entre tantos outros colegas que nos deixaram prematuramente, certamente paira um sentimento de desolação e de perda.

O FERRADOR DE MULHERES

O temido cangaceiro Zé Baiano foi morto para vingar a morte de comerciantes da região de Frei Paulo- SE que eram abatidos frequentemente por ações desse facínora. Suas emboscadas se repetiram por décadas. Riqueza é aquilo que se produz, ele era um ladrão sanguinário e covarde. Quando Antonio de Chiquinho e seus conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho), José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin) encurralaram Zé Baiano na Lagoa Redonda em Alagadiço, este passou a oferecer dinheiro para ser mais preciso, 20 contos de reis para pouparem sua vida. Mas diante das atrocidades praticadas, seu destino estava traçado. Foi morto a punhaladas junto com mais três cangaceiros Acelino, Demudato e Chico Peste. Fato ocorrido em 7 de julho de 1936. "Matou-me agora", disse ao receber a terceira punhalada que acertou o pescoço. No chão, agonizando ainda pronunciou: "Se acabou-se o homi de Sergipe." Seu tipo físico lembrava um antropóide e ficou conhecido como "A pantera negra dos sertões" Minha saudosa vó D. Misinha disse que viu muitas mulheres com a marca JB no rosto na feira de Frei Paulo.Nasceu em Chorrochó no sertão baiano, mas se criou em Sergipe onde passou a integrar o bando de Lampião. Este voltou a Frei Paulo para vingar a morte do amigo e o Padre Madeira, colocou um caixão vazio na igreja e Lampião em respeito, não invadiu a cidade porque estavam velando um "morto" foi o tempo de se montar a trincheira. Ao saber que a cidade estava bem armada para enfrenta-lo seguiu em direção ao Raso da Catarina.Zé Baiano era também conhecido como "A fera de Carrochó... Ser coiteiro de Lampião não era opção e sim uma contingência. Quem se recusava a colaborar com o cangaço tinha sua propriedade invadida e era morto.O pai do Sr. Antônio de Germino, o delegado Germino é um exemplo disso, por não se dobrar às pressões de Lampião e seu bando, sofreu muita perseguição e teve que deixar suas terras para viver em outras plagas para não ser morto. A perseguição contra os coiteiros desencadeada pelas volantes foi fator decisivo para promover ações como essa que resultou na morte de cangaceiros como Zé Baiano e do próprio capitão Virgulino.

A QUEDA DO CANGAÇO

O padre José Antônio Leal Madeira , muito querido pelo povo, por mais de 20 anos foi fiel timoneiro da paróquia de São Paulo, notabilizou-se por não gostar de meias verdades. O que tinha que dizer dizia na cara de quem quer que fosse, mesmo que isso pudesse lhe custar caro, como de fato muitas vezes custou. Era generoso, mas suscitava muito respeito. Português de nascimento, fez da pacata cidade de Frei Paulo em Sergipe, sua terra natal por amor aos seu povo ordeiro e muito devoto do apóstolo São Paulo. Um certo dia , em meio às áridas terras do sertão, estava ele junto à uma porteira, montado em um jegue acompanhado do seu auxiliar Zizilo, que também veio a abraçar o sacerdócio com o mesmo empenho e zelo . Ele estava indo celebrar uma missa na Lagoa Nova, em uma ensolarada manhã de domingo do ano de 1935. Mas ao descer do burro, foi abordado pelo temível bando do cangaceiro Zé Baiano. “Será que você não quer deixar o padre fazer as desobrigas religiosas?", dirigiu-se ele com voz firme ao cangaceiro e este imponente, do alto de sua arrogância de homem rico e cruel, olhou nos olhos do padre e disse: “Num sabia que era o Sr. Vigaro, sua bênça Vigaro” e beijou a mão do padre Madeira e esse, imediatamente tirou do seu alfoge um lenço e limpou a baba do facínora. Resmungou algumas palavras em latim que traduzido seria "Vai para o Diabo" e seguiu em frente.
Houve um tempo que o terror tomou conta da cidade, todo mundo vivia apavorado e a todo instante chegavam notícias das ações do mais perverso grupo de Lampião comandado por Zé Baiano.Eles agiam armando emboscadas na região de Carira, Cipó de Leite e Alagadiço, que era seu lugar preferido. Antônio de Chiquinho possuía uma propriedade e foi obrigado a se tornar coiteiro, pois o destino daqueles que não aceitavam essa condição era ter sua fazenda invadida e ter toda a família assassinada pelo bando. Houve um ataque de um conhecido fazendeiro de Frei Paulo que ao ser molestado conseguiu rolar pelo chão e correr. Com raiva, Zé Baiano e seu bando matou todas as rezes da fazenda.
Diante da sanguinária atuação do cangaceiro, Tonho de Chiquinho e mais seis sertanejos decidiram matar Zé Baiano e seus pares. Zé Baiano marcou para Antônio de Chiquinho levar a feira e mais 9 contos de reis. Ao chegar na Lagoa Redonda no local combinado, foi logo ameaçado de morte porque não veio no dia marcado. Contornada a situação, Zé Baiano e mais três bandidos se refastelaram em uma buchada de bode regada a muita cachaça; e no momento certo, armados com facões e punhais o grupo foi atacado e morto. Em meio ao conflito, Chico Peste mesmo ferido se arrastou em direção a um mosquetão e quase consegue pegar a arma, mas um dos sertanejos acabou de matar o bandido com golpes de facão.
Depois disso os corpos foram enterrados em um formigueiro. Mas a paz não veio com a morte de Zé Baiano, Lampião ao saber do ocorrido jurou vingança e mandou um bilhete ao Intendente Maurício Ettinger “Quando menos isperá nois invade sua cidade; num vai iscapá nem minino de 9 mês, a cabeça do delegado Germino Goes vai rolar”
O fazendeiro Germino Gois por não aceitar ser coiteiro, teve sua propriedade invadida diversas vezes por Lampião, jurado de morte passou a viver no sul da Bahia com Donantônia e seus filhos, entre eles Antônio de Germino, o industrial que fundou a famosa cachaça Ibiracema de Frei Paulo. Por muitos meses esse clima de pavor tomou conta da cidade, o padre Madeira virou para cima a espada de São Paulo, dizem os mais velho que toda vez que Lampião se preparava para invadir Frei Paulo era acometido de uma dor nos olhos e nos ouvidos e uma caganeira infernal. Contam que foi o padroeiro São Paulo que protegeu a cidade da temerosa invasão do rei do cangaço.
Sob o telhado do Mercado, por meses era possível ver muitas redes e os panelões e muitas cartucheiras penduradas onde se abrigou a força volante criada pelo governador Sr. Eronildes Ferreira de Carvalho, na praça que hoje se chama Capitão João Tavares. Contava minha saudosa avó materna D. Mizinha que naqueles tempos não havia diversão na cidade, só apreensão medo e que na feira via mulheres e até crianças ferradas com a marca JB.

BREVE PASSAGEM PELO SACO DO RIBEIRO

Hoje é o aniversário do capitão Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o bandoleiro das caatingas que fez história . Contava meu pai, Francisco Alves Bastos, que em 20 de abril de 1929 era uma criança curiosa e que passou por baixo das pernas dos adultos para ver na feira do Saco do Ribeiro (Ribeirópolis) o rei do cangaço. Ele me narrou com riqueza de detalhes, as roupas do cangaceiro, o imponente chapéu e as cartucheiras cheias de bala e os reluzentes punhais de prata. Viu lampião pousando para um retrato e o fotógrafo tremendo como vara verde sendo advertido por Lampião"Tá cum medo de quê cabra tem algum bicho aqui?" Sua estadia na província causou um rebuliço. Sua chegada foi no dia anterior, chegou à casa de Neo Madorna informando que se tratava de uma força do governo e colheu as informações necessárias. Neo estava viajando e Lampião foi logo dizendo “Aqui tem respeito” e pediu para a mulher fazer café e se dirigiu pros cabras “Ninguém entra na casa o marido dela num tá” Na saída deu a mulher 5 mil reis e agradeceu. Estava acompanhado de Ângelo Roque, Vigílio, Ezequiel e Corisco. Dominaram a polícia e houveram alguns embates verbais envolvendo o sargento José Pimenta que ao entregar as armas, mantinha um revolver escondido dentro de uma rede. Com o dedo na cara do sargento por pouco Corisco não lhe matou. E disse: "Vosmicê só não vai pros inferno, purque Capitão Lampião num qué morti em Segipi” Tem um episódio marcante, do comerciante Felismino Passos que fazia parte de uma lista de abastados que teriam que dar uma contribuição de 200 mil reis. Felismino colocou suas mercadorias à disposição alegando não ter dinheiro. Lampião indagou; “O sinhô tem bala de parabelo? Tenho sim , respondeu e trouxe todo seu estoque, além de outras mercadorias como lenços, perfumes etc. Mas chegou aos ouvidos de Lampião por meio de um irmão, desafeto de Felisberto, chamado Peba de Pedro de Dodô,que o comerciante estaria passando a perna nos cangaceiros. Lampião foi tirar a limpo a história. Corisco agarrou Felisberto e já ia sangrar o sujeito quando sua mulher interveio oferecendo o dinheiro escondido. Uma quantia vultosa: 5 contos de reis. Lampião ainda juntou umas moedas e jogou para as crianças, e no momento, um popular conhecido como João Puga passou a catar. Então Volta Seca lhe aplicou socos e Chibatadas que o deixou botando sangue pela boca. E Lampião lhe disse: “ Para cum essa brincadeira Vorta Seca”.
Ele queria ir a Itabaiana, mas foi desaconselhado pelo chefe político Otoniel Dórea com quem trocou amabilidades em uma conversa telefônica na qual lhe tratava como Coroné Dorinha e o chamava de colega pelo fato de ter como ele um olho cego. Costumava dizer que dois olhos era luxo.
Seguiu Lampião para sua primeira viagem a Alagadiço e lá, o seu guia era Antônio de Chiquinho, forte, destemido, tinha até os trejeitos de um cangaceiro. Dizem que logo ganhou a confiança do bando e com ele subiu o Grotão. Do outro lado, Lampião foi recebido pelo fazendeiro Sinhô Barbosa, proprietário da fazenda Serra Preta. Lampião manifestou a vontade de conhecer Aracaju e ficou fulo da vida porque o fazendeiro ironizou: “ Com apenas 9 cabras?” Apois vou lhe amostrá iscute as notiças!, retrucou.
Depois disso, o bando de Lampião avançou singrando as matas em direção a Lagoa Cumprida, indo dar com os costados na fazenda do coronel Napoleão Emídio onde chegou exausto, comeu bem e dormiu. Como a noticia de sua passagem pelo Saco do Ribeiro chegou a São Paulo, cogitou-se com uma tropa de 10 homens surpreender Lampião na Lagoa Cumprida em seu repouso, o que por algum motivo não foi possível. No dia seguinte Lampião pediu 3 contos de reis a Napoleão, mas este com seu jeito bem típico de caboclo sertanejo valente e decidido disse que a situação estava difícil e deu um conto de reis ao capitão que aceitou sem questionar e seguiu sem discutir. (Fonte de pesquisa: Lampião a Raposa das Caatingas)

UM PRESENTE DO FUNDADOR

Na festa de São Paulo do ano passado, fiz esse registro dessa imagem do padroeiro de Frei Paulo. Na verdade não imaginei que essa seria uma das últimas fotos desse símbolo da fé do povo freipaulistano que pouco tempo depois virou cinzas em um fatídico incêndio no interior da Igreja em seu altar mor, que teria sido provocado por um curto circuito. O fato é que esse acontecimento chocou muitas pessoas pelo inestimável valor que essa importante obra de arte sacra representa para aquela comunidade. Depois de muita polêmica, muitas fundamentadas em conjecturas duvidosas, finalmente mandaram fazer outra imagem, mas que não tem a mesma beleza e valor artístico desta original, que foi esculpida em madeira em Portugal e fora sobretudo um presente do fundador, o frade capuchinho, Antônio Paulo Casanova. O valor de mercado de uma peça como essa para colecionadores é altíssimo. Vista de perto a estátua em tamanho natural era tão caprichada em detalhes, que o artesão parecia ter criado um ser vivo. Ainda hoje, os mais fervorosos católicos não se conformam com o incidente.
No passado histórico poucos acreditavam, pois na verdade era uma promessa do fundador presentear a comunidade da Freguesia de São Paulo de Itabaiana com essa imagem do seu padroeiro. Naquele tempo uma pequena vila com poucos casebres em uma praça que ao centro havia uma imponente capela construída de abobe com um cruzeiro em frente. Ali foram construindo mais e mais casas no povoado São Paulo como também era conhecido. Movidos pela fé, importantes e pioneiros foram se estabelecendo, Thomaz de Aquino, João Tavares Mota, Lourenço da Rocha, Alexandre Matos e meu bizavô Francisco Alves Teixeira, conhecido como Chico de Janjão que tinha sua casa do lado direito da capela.Essas terras pertenciam ao alferes José Alves Teixeira e Brás Vieira Matos e eram conhecidas com Chã do Jenipapo.
A imagem foi entalhada em Portugal e veio de navio até Aracaju e de saveiro até Laranjeiras e no dia 6 de janeiro de 1879, chegou à Frei Paulo de carro de boi. Foram os próprios fundadores Antonio Paulo Casanova e Frei Davi que trouxeram a imagem que passou pelo Convento da Piedade em Salvador. Eles vieram fazer uma Santa Missão e benzer a nova igreja toda reformada e trouxeram esse lindo presente pagando a promessa.
O Sr Belarmino, avô do maestro João de Santa, com muita propriedade contava aos nossos avós, como foi esse ato. A maior festa religiosa que já se viu em todos os tempos, reavivou a fé dos moradores. Desde o povo humilde das roças aos poderosos fazendeiros. Gente de toda a vizinhança lotou a pequena Vila São Paulo. Gente vinda de toda parte: Serra das Campinas, Serrote, Serra Preta, Serra Redonda, Coité, Grota Funda, Mulungu,Piabas, Jibóia, Imbira, Alagadiço, Mocambo, Pinhão e Carira. Por isso que o valor desse obra sacra é inestimável para os freipaulistanos. No próximo dia 23 de junho, a cidade estará recebendo os restos mortais desse abnegado missionário católico que fundou a cidade.Trata-se do mais resoluto apóstolo do progresso.

A PRINCESA DO SERTÃO

Os nossos mais remotos remanescentes os Imbiracemas reinavam absolutos nas férteis terras cortadas pelo Rio Imbira entre as matas que entre outras riquezas possuía o mais cobiçado produto da época o Pau Brasil. Matéria prima de alto valor comercial, suas árvores chegavam a 30 metros de altura. Entretanto, seu principal valor residia na produção de um princípio colorante denominado "brasileína", extraído do lenho, usado para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever. A exploração do Pau Brasil intensa gerou muita riqueza ao reino. Por isso diante das invasões francesas e holandesas nos séculos 16 e 17, El Rei determinou a que fosse dado a quem quisesse, para fins de colonização as terras da Chã da Imbira, Grota Funda e Chã do Jenipapo.
Os indígenas que habitavam essas glebas eram os Nhandi-pap, nos seus rituais místicos costumavam pintar o rosto e partes do corpo com uma tinta preta, extraída dos jenipapeiros que predominavam nessas terras. O início da colonização teve como pioneiros o alferes José Alves Teixeira e Brás Vieira de Matos. O primeiro se instalou próximo a uma fonte denominada “Olhos d’água das Bestas” hoje “Tanque de Beber” Isso ocorreu no ano de 1840, onde o pioneiro instalou sua casa e iniciou as suas atividades agropecuárias. Platava algodão, milho, mandioca e possuía pequena criação de gado.
Homem bondoso e de muita fé, José Alves havia servido num regimento de infantaria, daí o título de alferes(sargento). Ao saber da chegada em Itabaiana do missionário capuchinho Antônio Paulo Casanova, reúne os vizinhos de outras propriedades e passam a frequentar as Santas Missões na Freguesia de Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Frei Paulo era um santo missionário, sábio, edificador não media distancia nem esforços para levar a palavra de Deus. Em 1860, o religioso chega à Chã do Jenipapo e por uma semana em Santa Missão, batiza, casa e prega o evangelho de Cristo entre os habitantes. Porém oito anos depois, Frei Paulo retorna à região com uma ideia em mente: Construir uma capela no planalto da Chã do Jenipapo. Em 1868 chega ao local e profere a seguinte expressão: “Belo e gracioso lugar para se construir uma igreja onde Deus seja adorado e conceda muitas graças aos seus adoradores”
Os moradores da Chã do Jenipapo, das proximidades do Tanque dos Cavalos, em inúmeras procissões entoavam cânticos de louvor e carregando pedras, numa titânica peregrinação subiam e desciam o planalto e iniciavam a construção da capela, dedicada ao mais expressivo pregador do evangelho, São Paulo. Na ocasião o frade junto a seu fiel escudeiro Frei Davi estavam tomados pelo santo entusiasmo e ao ver a obra se consolidar disse aos fieis: “Vereis ao derredor desta casa sagrada, muitas casas, morada dos adoradores do senhor onipotente” O senhor Antônio Coelho foi o primeiro a edificar sua casa ao lado da capela. Uma verdadeira profecia, pois a partir dali surgiu a Vila de São Paulo, algum tempo depois tornando-se independente de Itabaiana e finalmente despontando no cenário de Sergipe Del Rei como uma potência econômica.
Esta é a origem de nossa cidade que além de abençoada pelo seu fundador, praticamente um santo em suas diligentes contribuições ao desenvolvimento. Digno de todas as honrarias, sua bênção fez da cidade “ a terra do ouro branco” quando por anos e anos liderou a produção e algodão” e também mais recentemente ostentava o título de ser a maior bacia leiteira do estado. Passando também, incólume pelas investidas do Rei do Cangaço, o Capitão Lampião que rugiu como Leão mas jamais ousou pisar naquele território sagrado, sob o comando do nosso Padre Madeira e a proteção divina do Senhor São Paulo. Sob a proteção de São Paulo e seu fundador Antônio Paulo de Casanova, a cidade de Frei Paulo foi e será a princesa do sertão sergipano.

ZÉ CAXEIRO O ALQUIMISTA DO SERTÃO

Na década de 60 eu era um menino de calças curtas, pernas tortas, cabelos negros e lisos, muito magro e curioso, também buliçoso. Na praça do coreto às vezes, me distanciava dos colegas para descobrir coisas diferentes para fazer. Enquanto a maioria se divertia em peladas que entravam pela noite, reverberando e deixando as roupas suadas e o corpo cansado, Eu aprendia a ser louco, sentia uma atração muito grande pela ciência e descobertas, inventos e coisas do gênero. Um dos locais que gostava de frequentar era Farmácia de Zé Caixeiro. Chegava lá por volta das sete da noite e quieto, observava ele na porta proseando com o compadre Justiniano que por horas a fio o distraia contando seus causos. Aproveitava aquele momento de distração para observar cada detalhe daquele mundo onde a ciência escolheu para morar. Era emocionante ver os frascos de formatos variados com suas essências . O cheiro delas misturadas dava ao ambiente um ar de muito respeito e seriedade. Vez por outra, adentrava um cliente e Zé Caixeiro ouvia atentamente as explicações e dava um prazo para o cliente vir buscar o remédio. Usando um avental branco, com manipulas e provetas sempre à mão fabricava em doses certas a cura para uma enorme quantidade de enfermidades que acometia o povo freipaulistano.
Era o alquimista das plagas sertanejas, e com sua dedicação integral a esse ofício, fabricava toda sorte de pós, pomadas, tinturas e soluções para todos os fins. Trata-se da primeira farmácia de Frei Paulo. Para mim, ele era um verdadeiro cientista, a atenuar as dores e os sofrimentos do pobre povo que o procurava para resolver até mesmo graves problemas de saúde. A assistência médica naquela época, vinha das raras visitas do Dr. Garcia Moreno. Zé Caixeiro muitas vezes me expulsava de sua farmácia, porque não me contentava em assistir, queria mexer em seus insumos e isso o deixava profundamente irritado. Era um médico prático que receitava e fazia os medicamentos. Um dia era um crepúsculo de verão, quando eu estava sentado no interior de sua farmácia, e uma senhora aflita adentrou e disse que seu pai estava moribundo, à beira da morte porque havia sido picado por uma cobra.
Zé Caixeiro muito diligente pegou um pequeno caixote metálico com algumas seringas , fechou seu estabelecimento e correu para socorrer o velho num casebre na estrada que vai para o açude de Zezé de Dona Rosa. Acompanhei ele e vi no chão a cobra morta e o velho numa cama gemendo dizendo que as vistas estavam escurecendo. Ele aplicou uma injeção e o velho, minutos depois levantou e foi para baixo do telheiro, fumar um cigarro de palha. Estava milagrosamente curado. Em uma conversa com meu pai , contou o fato e disse que aplicou água destilada no velho pois a cobra não era venenosa. Conta-se que certa feita chegou um matuto em sua farmácia e queria um remédio para sua doença. Ele perguntou o que era, o matuto respondeu: O povo lá diz que é “faz que doi” Zé Caxeiro disse: não conheço essa doença, mas tenho um remédio bom aqui. “Faz que cura” E quanto custa perguntou o matuto? -Dois cruzados -Mas eu só tenho um cruzado. Então ele respondeu “ Faz que leva e não leva”
Outro dia apareceu uma mulher gripada e perguntou Seu Zé, faz mal comer côco com esse cararro? Não faz mal faz é nojo. Seu nome verdadeiro era José Vicente, nasceu em Itabaiana mas viveu em Frei Paulo, sua esposa chamava-se Maria das Graças com quem teve os filhos: Diógenes, Hermes, Onofre, Daniel, Josefa e Nazaré. No dia de sua morte, Maria das Graças e seus filhos choravam ao pé da cama e ele já muito debilitado proferiu as seguintes palavras: Maria das Graças você está aqui?” Estou meu marido. E você Daniel está aqui? Estou meu pai. Então ele aflito perguntou “ Então quem diabos ficou tomando conta da Farmácia?” Deu o último suspiro e morreu. Alguns anos depois o local da farmácia foi demolido e entre os entulhos consegui alguns frascos e provetas de seu laboratório, guardei por anos mas acabei perdendo essas relíquias.