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quarta-feira, 3 de agosto de 2016
O Gênio Zé de Graça (Cap. 17)
A morte do cangaceiro Zé Baiano seria um alívio para Zé de Graça pois ele era um dos que estavam na sua lista negra, assim como outros a exemplo do fazendeiro Josias Guedes que só não tombou no pipoco do mosquetão do facínora por que este fora muito bem tratado pela sua esposa D. Emília , quando se escondeu na sua propriedade. Os farois da marinete apontavam na ladeira do ceu e seu ronco quebrava a monotonia da pacata Frei Paulo dos anos 30 . Zé chegava cansado de sua labuta. Mas ao invés do merecido descanso foi até a Praça do Mercado e naquela noite ficou surpreso com o que avistou. Um acampamento de homens da força volante se instalou na praça, eram mais de 30, mesmo assim o clima de insegurança era geral.Passaram meses acampados ali. Ao tomar conhecimento da morte do seu comparsa, Lampião prometeu invadir Frei Paulo. Mandou um bilhete desaforado ao intendente Maurício Ettinger o que só aumentou o pavor da população “ Quando menos isperá nóis vai invadi São Paulo, a cabeça do delegado Germino Góes vai rolar, nem criança de nove mês vai iscapá” O ataque era certo e enquanto o medo tomou conta da maioria das pessoas Zé passava a noite matutando sobre seu primeiro invento. Em meio aos rumores de guerra , cansado acabou de finalizar seu invento inédito no mundo inteiro. Um complexo sistema propulsor de andores criado com muito esmero com base no trajeto da procissão do senhor São Paulo. Naquela noite esperou a missa acabar para mostrar a novidade ao Cônego Leal Madeira. Mas um fato deixava a cidade em profunda tristeza , naquele fim de tarde quando se buscava voluntários para garantir a cidade da invasão dos cangaceiros, aconteceu uma tragédia. Um disparo acidental da arma manejada sem muita experiência de Justiniano Oliveira, acabou por ceifar a vida de João Celeiro. Isso deixou o Cônego Madeira muito abalado e quando após a missa Zé cheio de entusiasmo foi apresentar o sistema propulsor de andores, saiu da igreja desapontado com uma quente e duas fervendo. O Cônego estava muito estressado com os fatos na sua paróquia então disparou ao inventor com muita fúria: ” Sacculum petat tempus filio suo loqui puella inventa” traduzindo para o português bem claro “Vá encher o saco de outros seu filho de rapariga isso é hora de falar em invenção”. Cabisbaixo e desapontado com seus projetos debaixo do sovaco, cruzou a praça do mercado por entre redes panelas e fuzis e foi para sua casa dormir. Alguns dias depois,ao tomar conhecimento que Lampião se encontrava acampado nas proximidades do Tanque Olhos d’água das Bestas(Tanque de Beber), Padre Madeira providenciou um caixão de defunto vazio e iniciou uma cerimônia fúnebre na igreja. Lampião ao saber que estavam velando um morto na cidade, em profundo respeito a exequies, não invadiu a cidade naquela noite. Mas na madrugada pelos fundos de quintal a alatumia dos cães denunciava a sondagem dos bandoleiros. Estes viram em frente a delegacia, uma trincheira com muitos homens protegidos por fardos de lã. Até na torre da igreja tinha gente bem armada para rechaçar o ataque, eram eles Meliano Barbeiro, Seu Santo de D. Madalena e outros voluntários. Lampião analisando a situação como uma ávida raposa de guerra das caatingas marchou com seu bando em direção ao Raso da Catarina, passando antes na fazenda de Sinhozinho Barbosa que lhe deu três mil contos de reis e depois pernoitou na fazenda de Napoleão Emídio, onde no dia seguinte pediu antes de ir embora três mil contos de reis, mas este só lhe deu hum mil contos,Lampião aceitou sem reclamar e seguiu viagem acompanhado de nove cabras entre eles seu braço direito Corisco. Zé de Graça seguiu sua rotina na marinete indo e voltando e melancólico por seu projeto ter sido rejeitado pelo Cônego Antônio Leal Madeira um português sem papas na língua.
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