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quarta-feira, 3 de agosto de 2016
O Gênio Zé de Graça ( Cap. 16 )
No dia 7 de janeiro do ano de 1936, já refeito das vicissitudes decorrentes das últimas secas, notadamente a de 1932 que promoveu um cenário de miséria e calamidade em toda região , Zé de Graça era um homem de seus trinta e poucos anos a procura de um emprego. Eis que surgiu uma oportunidade, dirigir uma marinete e transportar pessoas dos povoados. Ele não sabia muito bem dirigir então pediu umas aulas a um velho chofer e no dia seguinte se apresentou como candidato à vaga sem nunca antes ter dirigido um carro na sua vida. O Sr Firmino Mendonça, acompanhou pessoalmente o teste e ele foi aprovado de primeira, dirigiu a marinete sem qualquer embaraço e no mesmo dia já começou seu serviço. Fazia a rota Carira , Frei Paulo, Itabaiana e Aracaju, com passagens por Alagadiço e Mocambo. Ganhou muita simpatia e prestígio com o patrão porque era muito responsável e consertava tudo que quebrava no veículo, trazendo muita economia ao patrão. Há quinze dias no emprego a Marinete foi interceptada na entrada de Pinhão pelo bando de Lampião. O próprio capitão Virgulino Ferreira, adentrou a marinete e com seus cabras, Cobra Verde, Vorta Seca e Caninana promoveram o terror no seu interior, saqueando o coletivo e distribuindo bofetadas nos passageiros lhes tomando os pertences e fazendo ameaças de morte. Lampião ficou em pé, ao lado de Zé Graça e disparou com um parabelo para assustar o motorista. Ele permaneceu inabalável , como se nada tivesse acontecido. Disse apenas ao rei do cangaço essa arma está desbalanceada. Então Lampião tirou as balas e pediu para ele regular. Com algumas ferramentas em menos de 15 minutos desmontou e montou o parabelo e devolveu ao seu dono. Lampião novamente atirou num mourão de cancela e disse: “ Mas que maravia, tá como nova” Em instantes deu ordem a seus cangaceiros e estes trouxeram três rifles papo amarelo, defeituosos e Zé os consertou imediatamente deixando as três armas como novas. Em retribuição Lampião mandou que devolvesse todos os pertences roubados dos passageiros. Convidou Zé para se juntar ao bando prometendo muito dinheiro e proteção mas este prontamente se recusou.
Ele ligou a marinete e seguiu para Frei Paulo ao parar na porta do mercado na praça Capitão João Tavares , foi grande o alvoroço e Firmino Mendonça ficou preocupado com a situação e passou a andar armado. Zé de Graça sempre foi uma pessoa muito pacífica, mas ao saber das atrocidades praticadas na região pelo temido cangaceiro Zé Baiano , resolveu se armar e para onde ia, bem ao lado da cadeira de motorista estava um rifle papo amarelo,batizado de “Dengosinho”, arma que dedicou atenção especial com sua habilidade inquestionável, entretanto, ele inadvertidamente alardeou que não via a hora de entrar em combate com os cangaceiros. Dizia isso a quem tomasse acento na sua marinete. Porém a notícia se espalhou e chegou aos ouvidos do facínora Zé Baiano e este imediatamente resolveu montar uma emboscada para acabar com a vida de Zé de Graça.
Em março desse mesmo ano, Zé Baiano armou sua emboscada na Terra Dura, diante da entrada que vai para o Saco do Ribeiro (Ribeirópolis), sabia ele que Zé de Graça passava as 5:30 da manhã naquele local e como uma cobra silenciosa e traiçoeira se preparou para dar o bote, porém resolveram descer um pouco mais até a ladeira do Moreira e lá avistaram um caminhão que passou com uma carga alta. O bandido perguntou a um popular se a marinete de Firmino já passou e este respondeu : “ Acabou de passar agora mermo”. Zé Baiano indignado atirou o chapéu no chão e jurou vingança contra Zé de Graça , neste exato momento a marinete passou a toda velocidade não dando tempo do bandido atirar. Cinco minutos depois 3 soldados da força volante que viajavam a pé entre eles Joaquinzinho que portava um Fuzil metralhador FMH, ao avistar Zé Baiano e seus bando, disparou duas rajadas em sua direção que a poeira cobriu , eles escaparam e se embrenharam na mata pelo terreno de Zezé de Buril. Meses depois, Zé Baiano foi morto, mais precisamente no dia 7 de julho de 1936. Cansado de ser perseguido pelos policiais devido ao envolvimento com o cangaço, o comerciante Antônio de Chiquinho, armou uma emboscada aos cangaceiros. Durante uma entrega de alimentos em 7 de julho de 1936, na Lagoa Redonda em Alagadiço, acompanhado dos conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho), José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin), Antônio deu fim a Zé Baiano e seu bando. Manteve segredo do fato durante quinze dias, temendo represálias de Lampião. O cangaceiro, contudo, decidiu não se vingar após ser convencido por Maria Bonita que o empreendimento poderia ser perigoso, pois o povoado contava com a presença de uma ronqueira“ canhão”
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